Neste segundo domingo do tempo comum, somos levados pelo evangelista João até um lugarejo, num território montanhoso, Caná da Galileia, a uns catorze quilômetros de Nazaré, a cidade de Jesus, e a uns quarenta quilômetros de Cafarnaum descendo-se para o lago de Genesareth ou Mar da Galileia (Jo 2, 1-11). Maria é uma das convidadas para a festa de casamento e por certo, não veio sozinha de Nazaré. Para a festa, foram também convidados Jesus e seus discípulos. Acorreu certament mais gente do que era esperado e, num dado momento, a mãe de Jesus alerta seu filho para uma situação aflitiva: “Eles não têm mais vinho” (2, 3). Sem vinho, acaba a música, a dança e a festa de casamento. Um vexame para os noivos e sua família perante seus convidados. Jesus responde a Maria: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou!” (2, 4). Maria não se importa com a evasiva de Jesus e dirige-se diretamente aos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele vos disser” (2, 5). Maria ensina para Jesus, que a “hora” é a necessidade das pessoas ou do povo que se impõe ao profeta. Vai ser assim com a mulher que sofria de um fluxo de sangue (Mt 9, 20-22), com a mulher cananeia que pede por sua filha (Mt 15, 21-28), com a multidão que estava como ovelhas sem pastor e que passava fome (Mc 6, 30-44). E o evangelista prossegue: “Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Enchei as talhas de água’. Encheram-nas até a boca. Jesus disse: ‘Agora, tirai e levai ao mestre sala’. E eles levaram. O mestre sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre sala chamou então o noivo e lhe disse: ‘Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora’! Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele”. (2, 6-11). João diz que essa transformação da água em vinho, era um sinal, o primeiro sinal de Jesus. Nunca emprega a palavra “milagres” para esses gestos libertadores de Jesus, mas sim “sinais”. Estes apontam para além das aparências e revelam algo maior e mais profundo, o próprio mistério de Jesus. Ao pedir água à samaritana, ele se apresenta como a “água viva” (4, 10). Ao multiplicar os pães, ele declara: “Eu sou o pão da vida” (6, 35). Ao curar o cego de nascença, ele afirma: “Eu sou a luz do mundo” (9, 5). Ao falar do pastor verdadeiro diferente do mercenário ou do ladrão, ele declara: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas” (10, 11) Ao ressuscitar Lázaro, ele diz à sua irmã Marta: “Eu sou a ressurreição” (11, 25). Pagola comenta: “O que sucedeu em Caná da Galileia, é o começo de todos os sinais. O protótipo dos sinais que Jesus irá operando ao longo de sua vida. Nessa ‘transformação da água em vinho’, nos é dada a chave para entender o tipo de transformação salvadora que Jesus opera. Tudo ocorre no cenário de um casamento, a festa humana por excelência, o símbolo mais expressivo do amor, a melhor imagem da tradição bíblica para evocar a comunhão definitiva de Deus com o ser humano. A salvação de Jesus Cristo deve ser vivida e oferecida pelos seus seguidores como uma festa que dá plenitude às festas humanas, quando elas ficam vazias, ‘sem vinho’, e sem capacidade de saciar nossa sede de felicidade total”.
Homilia – Bodas de Caná: “Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Façam tudo o que ele vos disser’”
2º Domingo do Tempo Comum - Por Padre José Oscar Beozzo
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