Entristecidos pela partida do Papa Francisco, na segunda-feira da Pascoa, só podemos expressar, nossa profunda gratidão por sua vida e evangélico testemunho, por seu amor aos pobres, sua compaixão pelos que sofrem, seu empenho pela paz, seu cuidado pela Casa comum e sua firme esperança nas promessas do Ressuscitado. Ao canonizar Faustina Kowalska no ano 2.000, João Paulo II, pediu que o 2º. Domingo do tempo pascal fosse celebrado como o Domingo da Misericórdia. A este propósito, Papa Francisco comentou: “Comove-nos a atitude de Jesus: não escutamos palavras de desprezo, não escutamos palavras de condenação, apenas palavras de amor, de misericórdia, que convidam à conversão”. Primeiro Angelus do Papa Francisco, Praça de São Pedro, domingo, 17 de março de 2013. E na sua Bula Misericordiae vultus (O Rosto da misericórdia) ele nos convida: “Redescubramos as obras de misericórdia corporais: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos doentes, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espirituais: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos” (MV 15). O evangelista João neste domingo (Jo 20, 19-31) narra, no dia mesmo de sua ressurreição, o encontro de Jesus com os seus discípulos escondidos e encolhidos por medo dos judeus, numa sala com portas e janelas fechadas. Saúda-os: “A paz esteja convosco. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente Jesus disse: ‘A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu os envio’” (20, 21). E esta missão tem a ver com perdão, misericórdia, reconciliação, atitudes sem as quais não existe convivência que seja humana e, por isso mesmo, convivência que esteja animada pelo espírito do ressuscitado. Devemos reconhecer, entretanto, que essas atitudes se tornaram difíceis nos tempos atuais, envenenados por discriminação, exclusões, discursos de ódio e vingança. Prossegue o evangelho: “E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo: a quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles serão retidos’” (20, 23). O evangelista acrescenta que oito dias depois estavam outra vez reunidos os discípulos no mesmo lugar. Contam a Tomé, que estivera ausente do primeiro encontro: “Vimos o Senhor. Mas Tomé disse-lhes: ‘Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei’” (20, 25). É grande nossa fila dos que, em nossos dias, temos dificuldade em acreditar no Ressuscitado, vivo no meio de nós. Queremos ver para poder crer. Jesus vai de encontro à incredulidade de Tomé e à nossa, sem recrimina-lo ou condená-lo. Coloca-se no meio do grupo e diz novamente: “A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: ‘Põe o teu dedo aqui e olhe as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus’. Jesus lhe disse: ‘Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram (e somos todos nós nos dias de hoje) sem terem visto!’” (20, 26-29). Concluo com dois pensamentos do Papa Francisco sobre a misericórdia: “Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem deseja ser misericordioso necessita de um coração forte, firme, fechado ao tentador, mas aberto a Deus”. Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015. Conecta ainda a misericórdia com o cuidado com toda a criação, tema da Campanha da Fraternidade deste ano: Fraternidade e Ecologia integral. “A misericórdia para a qual somos chamados abraça toda a criação que Deus nos confiou para sermos cuidadores e não exploradores, ou pior ainda, destruidores”. Audiência geral inter-religiosa do Papa Francisco, quarta-feira,28 de outubro de 2015.
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