Iniciemos a celebração da Sexta-feira santa, em clima de recolhimento, com os ministros celebrantes prostrando-se diante do altar, acompanhados por toda a comunidade, de joelhos, em silêncio. Adoremos o mistério da entrega por Jesus de sua própria vida por cada um de nós e por toda a humanidade: “Ninguém tem maior amor do que aquele que a própria vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Ele nos assegura que: “Se o grão caído na terra, não morrer, ficará sozinho. Se morrer, dará muito fruto” (Jo 12, 24). No domingo de Ramos e da Paixão ouvimos o relato de Lucas das últimas horas de Jesus, assim como foi conservado pelas comunidades sobretudo de pagãos convertidos e que o reconhecem ao pé da cruz nas palavras do centurião romano: “Verdadeiramente, este homem era inocente” (Lc 23, 47). Hoje somos colocados diante da longa e meditada narrativa das comunidades do apóstolo João, o discípulo amado, que estava ao pé da cruz e recebe de Jesus a incumbência de velar por sua mãe, Maria. A narrativa está recolhida nos capítulos 18 e 19 do seu evangelho. Ela deixa entrever que, sob a aparente derrota de Jesus açoitado e crucificado, vai prevalecer a luz do ressuscitado, a vitória do amor, da bondade e da vida sobre o ódio, a maldade e a morte. Vamos seguir esse fio que vai sendo desenrolado por João no seu relato da paixão e morte de Jesus. Ele omite aquela dolorosa cena no horto das oliveiras, com a angustiada oração de Jesus, em que gotas de suor de sangue correm por sua face e na qual, abandonado pelos discípulos, ele clama a Deus: “Pai, afasta de mim este cálice” (Lc 22, 42). No seu lugar, é ele quem dá as ordens aos guardas que o cercam: “Se é a mim que procurais, deixai então que estes se retirem”, para que se cumprisse a profecia: “Não perdi nenhum daqueles que me confiastes” (18, 8-9). A Pedro, que avança contra o servo do Sumo Sacerdote e lhe corta a orelha direita, ordena: “Guarda tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?” (18, 11). Na casa de Anás, sogro do sumo sacerdote Caifás, não fica calado e reage ao guarda que lhe dá uma bofetada: “Se respondi mal, mostra-me em que, mas se falei bem, por que me bates?” (18, 23). Fica calado diante da pergunta de Pilatos, o todo poderoso procurador romano que procura humilhá-lo: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” Jesus contesta sua autoridade: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada pelo alto” (19, 9-11). Jesus permanece dono de sua vida e de sua morte. Ao ser covardemente entregue por Pilatos, que lava suas mãos, para ser crucificado, João diz que “Jesus tomou a cruz sobre si e saiu resolutamente para o lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota” (19, 17). Não há um Cirineu que carregue a cruz no seu lugar. “E ali o crucificaram, um à sua direita e outro à sua esquerda e Jesus no meio” (19, 18). Em lugar do desesperado grito do humano desamparo de Jesus diante da morte, registrado pelo evangelista Marcos, “Eloi, Eloi, lemá sabachtáni (que significa: Deus meu, por que me abandonaste?” (Mc 15, 34), o evangelista João registra como últimas palavras de Jesus: “Tudo está consumado. E inclinando a cabeça entregou seu espírito” (Jo 19, 30). Acompanhemos Jesus nesta sua serena e confiante entrega de sua vida nas mãos do seu Pai, que não o abandona e vai ressuscitar a ele e também a nós resgatados por seu amor consumado no martírio. Sigamos também com as três Marias que ficam junto a ele ao pé da cruz, por laços de sangue e de amor, Maria, a mãe de Jesus e sua irmã, Maria de Cléofas e ainda Maria Madalena, acompanhadas por João, o discípulo que Jesus amava. Ele e elas nos representam ao pé da cruz no nosso propósito de seguir Jesus como discípulas e discípulos na sua morte e na sua ressurreição.
11 de Abril é dia de Santa Gema Galgani
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