As populações locais vivem momentos de horror, de pânico, com assassinatos indiscriminados, como uma mulher obrigada a carregar a cabeça decapitada do marido pelas estradas, para mostrar a babárie e criar o medo, com descreviam moçambicanos em fuga.
Na semana passada, tinha surgido a informação da morte de quatro pessoas num ataque no distrito de Ancuabe, entre elas seguranças da empresa Grafex, que explora grafite – utilizada em baterias de carros elétricos – na região. O primeiro de dois incidentes numa semana que tinha levado outra empresa que explora grafite, a australiana Syrah Resources, a suspender as operações logísticas na estrada que liga a mina de Balama à capital Pemba.
A Organização Internacional das Migrações diz que, desde que este drama fez 784 mil deslocados internos, o projeto de registo de conflitos ACLED registou cerca de 4.000 mortes.
Um conflito sem fim à vista
Analistas, explicavam à agência Lusa que o recomeço dos ataques era inevitávelporque os terroristas foram expulsos do norte – Palma, Mocímboa da Praia – mas não do país. João Feijó, investigador da organização não-governamental, Observatório do Meio Rural, explicava que a tática mudou: em vez de se manterem concentrados, tornando-se alvos fáceis de abater, dividiram-se em pequenas unidades, dispersas por regiões onde a presença militar é menor. Uma estratégia utilizada na luta pela independência, no final do período colonial, pela Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo, também em Cabo Delgado.
Com os contingentes militares estrangeiros mais concentrados a norte, onde estão localizadas as plataformas de extração de gás natural. Os rebeldes estão agora mais perto de Pemba, mas a capital de província não deverá correr o risco de ser atacada, por se tratar de um centro urbano.
A província de Cabo Delgado, rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Desde julho de 2021, uma ofensiva liderada pelas tropas governamentais mas com o apoio do Ruanda, a que se juntou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu que a paz regressasse ao norte de Cabo Delgado.
A violência levou Moçambique a uma das maiores quedas no Índice Global de Paz, está na 122ª posição em 163 países. EURO NEWS