O Irã atacaou nesta quarta, 17 com misseis e drones o território paquitanês, contra o que descreveu “grupos Terroristas anti-iraniano”. O governo paquistanês acusa Irã de ter matado duas crianças inocentes.
O Ministério Paquistanês dos Negócios Estrangeiros confirmou o ataque contra bases jhadistas, acusando o Irã de “violação da soberania no Paquistão“.
As autoridades iranianas não reividicaram imediatamente o ataque, mas de acordo com a agência estatal Nour News, a sede no Paquistão do grupo jhadist al Adl, (que significa Exército de Justiça na tradução do árabe) foi destruída.
A região paquistanesa junto a fronteira, onde vive a minoria étnica Baluch que aderiu ao Islâ sunita em vez do ramo xiita predominante no Irã, é palco de confrontos ataques entre as forças de segurança e os rebeldes dessa minoria, de grupos radicais sunitas de droga.
Embora os ataques iraniano não aparenten estar relacionados diretamente com a guerra Israel- Palestina, eles acontecem no momento em que a instabilidade se espalha por toda a região do Oriene Médio.
A força aérea paquistanesa atacou posições rebeldes no interior do Irã, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país na quinta-feira.
Os ataques aéreos paquistaneses no Irã mataram pelo menos nove pessoas. O balanço anterior dava conta de sete mortos.
“O Paquistão atacou uma aldeia perto da fronteira com mísseis”, disse a agência de notícias oficial iraniana Irna. “Três mulheres e quatro crianças, que não tinham cidadania iraniana, foram mortas“, acrescentou, citando o vice-governador da província de Sistão-Baluchistão, Alireza Marhamati.
Outros dois homens também foram mortos no ataque.
Os ataques atingiram uma aldeia a uma curta distância da comunidade de Saravan, na região sudeste do país, junto à fronteira com o Paquistão.
Os ataques foram uma represália ao ataque do Irã na terça-feira, em solo paquistanês, que matou duas crianças na província de Baluchistão, no sudoeste do país.
As forças armadas paquistanesas “levaram a cabo uma série de ataques de precisão, altamente coordenados e especificamente dirigidos contra esconderijos terroristas na província de Sistão-Baluchistão“, no sudeste do Irã, segundo um comunicado de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão.
“Vários terroristas foram mortos durante uma operação”, acrescenta a mesma nota.
O ministério paquistanês ressalva, no entanto, que o Paquistão “respeita a soberania nacional e a integridade territorial do Irã“. “O único objetivo do ataque de hoje [quinta-feira] foi a prossecução da segurança e do interesse nacional do próprio Paquistão, que são fundamentais e que não podem ser comprometidos.”
Entretanto, a agência de notícias oficial iraniana Irna escreveu que foram ouvidas explosões de madrugada “em zonas em torno da localidade de Saravan”.
“Nenhum civil do Paquistão, país amigo e irmão, foi visado pelos mísseis e drones iranianos. Foi atingido o designado Jaish al-Adl [Exército da Justiça, em árabe], que é um grupo terrorista iraniano”, insistiu o chefe da diplomacia do Irã. “Este grupo encontrou refúgio em certos locais da província do Baluchistão.”
Por seu lado, o primeiro-ministro interino do Paquistão, Anwar-ul-Haq Kakar, vai interromper a deslocação ao Fórum de Davos, na Suíça, na sequência dos ataques desta madrugada no Irã.
O que significa a nova tensão na região
Os ataques põem em risco as relações diplomáticas entre os dois países vizinhos, uma vez que o Irã e o Paquistão, que possui armas nucleares, há muito que se encaram com desconfiança.
A tensão na região também ameaça de propagação da violência no Médio Oriente, que tem sido agitado pela guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
O Irã também saltou para o centro das hostilidades, depois de ter levado a cabo três ataques em dois dias, atingindo alvos na Síria (Daesh), no Iraque (“centros de espionagem” da Mossad israelita) e no Paquistão (Jaish al-Adl).
Os Estados Unidos já vieram condenar os recentes ataques do Irão no Iraque, Síria e Paquistão. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, argumenta que o Irão “violou nos últimos dias as fronteiras soberanas dos vizinhos”.
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