A atmosfera que se viu nas arquibancadas do Willie Davids na noite deste sábado e também nos últimos jogos do MFC Dogão, é muito semelhante à dos primeiros anos do Grêmio de Esportes Maringá no ano de 1977 quando o Galo venceu o Paranaense; aliás, esse foi o único título desse time recriado em 1975 pelo saudoso, Elnio Polhmann – dito Apucarana; os outros dois foram de outro Grêmio, o Esportivo Maringá, em 62 e 63.
A maioria dos torcedores do primeiro Grêmio e do segundo Grêmio campeão já passou para outra dimensão; os mais jovens de 77, já estão beirando os 60.
O FATO é que Maringá e o maringaense gosta de futebol e sempre apoiou seus clubes; foi assim com o MAC no final dos anos 80.
Agora com três times na cidade depois de uma fase que a cidade chegou a sumir do cenário do esporte, há quem acredite que assim que o Alvi Negro colocar os pés em campo acontecerá a metamorfose que levará ao majestoso 33 mil guerreiros como no jogo da ida da final do Paranaense em 1977.
Não é assim, e justifico porque.
Em 1977, saudosos torcedores de toda a região viajavam centenas de quilômetros só para ver grandes jogos. As cidades eram pequenas, não tinha futebol na tv e mesmo Maringá tinha poucas opções de lazer. Nos anos seguintes, o Galo brilhou no Brasileirão, recebeu o Grêmio de Porto Alegre, Corinthians, Inter, Botafogo e outros grandes; depois foi caindo até sumir na metade dos anos 90. Junto com ele, sumiram muitos torcedores decepcionados com gestões péssimas que culminaram com a perda de um patrimônio milionário que incluia o Vale Azul e o Brinco da Vila.
Sobre essa nova torcida vestida de verde e preto se pode dizer que muito lembra a maioria dos guerreiros que lotavam as arquibancadas nos anos do título. Famílias inteiras, maridos com suas esposaa e filhos, casais de namorados, muitos jovens, gente que antes disso nunca tinha colocado os pés no estádio. Com gritos, coros , cantos diferentes do tradicional e quase sem fim Grêêêmioooooo, os torcedores do Dogão empurram o time, não se envolvem em confusão e não prejudicam o clube com perdas de mando de campo e outras punições.
O torcedor do Maringá Futebol Clube é sim, muito parecido com o torcedor do velho Galo do Norte, e mais cedo ou mais tarde, vai levantar o caneco da Série A do Paraná ou até coisa maior. Quem sabe não vem ainda esse ano, um caneco da Série D do Brasileirão.
Já o Galo, tem que pelo menos chegar em segundo lugar na Divisão de Acesso do Paranaense que começa em abril, para então poder em 2024 voltar à máxima série e medir forças com o Dogão e com o Aruko, que por questões contratuais poderá passar a ser chamado de Atletico Clube Operário.
Até lá, é inútil dizer que o Dogào não tem torcida, e que na verdade são torcedores do Grêmio. Tem torcida sim, e que torcida organizada é essa que apoiou o time do inicio ao fim, mesmo na derrota, sem brigas, sem conflitos, e digo até que, se dependesse só do comportamento deles, a torcida do Athletico poderia ter assistido a ida da semfinal no WD. Perder para o Athletico, vice campeão da Libertadores é normal, e só quem está pelo menos na Série A, pode jogar contra o Furacão.
A torcida de jovens do MFC não conheceu o Galo; conheceu o MFC; o Dogão que homenageia o Lanchão que o torcedor guerreiro amava comer nas esquinas ao final de mais uma rodada de campeonato.
Como guerreiro campeão de 1977 – ” Eu vi “, espero um vitorioso retorno do Grêmio; espero rever uma nova nação alvinegra lotando o WD, mas certamente não torço contra o Dogão e nem fico feliz com suas derotas.
No ano que vem, se o Grêmio estiver lá na “A” e encontrar o Maringá, veremos muitos, mas muitos avôs torcedores guerreiros sentados lado a lado de seus netinhos Doguinhos. Já foi sssim no derby entre Aruko e Maringá e com certeza não será diferente em outras ocasiões. É assim, porque somos todos maringaenses e não torcemos contra Maringá.
Nas arquibancadas, com cores diferentes, estão os maringaenses.