A Agência da ONU para Refugiados está fazendo um alerta sobre os impactos da mudança climática na vida da população da Somália. Segundo o Acnur, períodos de chuvas intensas que causam enchentes são alternados por momentos de seca.
Somente no ano passado, ciclones e cheias deixaram mais de 1,3 milhão de somalis desabrigados. Neste ano, muitas regiões do país estão enfrentando condições de seca extrema e falta d’água, enquanto outras áreas do país são atingidas por chuvas pesadas
Refugiada perdeu o filho
Uma residente da Somália vende carne em um mercado em Hudur, onde a escassez de alimentos continua a causar sofrimento
Entre janeiro e junho, 68 mil pessoas ficaram deslocadas pelas secas e outras 56,5 mil pelas enchentes. Além disso, dados da ONU revelam que 359 mil foram forçadas a fugir do conflito e da insegurança na Somália.
O Acnur ouviu o relato de Ayan Muude Adawe, que se mudou para a Somália, fugindo da seca na Etiópia. O impacto do ciclone Gati, que atingiu a Puntlândia em novembro, foi para ela um teste de resiliência.
A refugiada contou que a força da água destruiu o abrigo e levou embora todos os seus pertences. A família foi retirada do local na manhã seguinte, mas o filho dela de quatro meses ficou doente e morreu.
Covid-19 e ataque de gafanhotos
O Acnur explica que os ciclones costumavam ser muito raros na região da Puntlândia, mas com a mudança climática tornaram-se cada vez mais frequentes, ocorrendo quase todo ano.
Segundo a agência da ONU, as pessoas que já estavam deslocadas devido aos conflitos na Somália “estão enfrentando desastres atrás de desastres, sem tempo ou recursos para conseguirem se recuperar”.
O país já tem quase 3 milhões de deslocados internos e a maioria vive em mais de 2 mil acampamentos espalhados por várias regiões. O Acnur e parceiros humanitários trabalham com o governo para fornecer serviços básicos aos deslocados.
A agência diz que as expectativas para este ano não são boas: a ONU prevê que a pandemia de Covid-19, os impactos climáticos e as infestações de gafanhotos do deserto que destroem plantações irão, juntos, colocar 2,8 milhões de somalis numa situação de insegurança alimentar extrema. Onu news