Na Liturgia deste Domingo, VI do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Eclo 15, 16-21), uma solene afirmação da liberdade humana. O autor bíblico nos faz um alerta sobre a responsabilidade diante de nossas escolhas, diz que cada pessoa é sujeito de sua história; viver bem ou mal depende de nossas opções, a situação em que nos encontramos não é fruto de fatalismos. É a liberdade do ser humano que explica o pecado. Escolher a vontade de Deus é escolher a vida, opor-se a ela é escolher a morte. Diante da leitura proposta, nos vem a seguinte questão: Qual é a situação em que nos encontramos hoje no Brasil? Quais foram as opções, escolhas do povo? Onde estão as raízes das más escolhas? Os erros e acertos são mérito e responsabilidade do próprio ser humano, sempre convidado a rever seus projetos à luz do projeto de Deus, que só quer liberdade e vida para todos.
Na 2ª Leitura (1 Cor 2, 6-10), o apóstolo Paulo nos diz que entender o projeto de Deus depende da maturidade da fé, e a maturidade nos vem de uma profunda experiência com Jesus Cristo. A pessoa que só confia em sua própria capacidade não consegue atingir essa compreensão.
No Evangelho (Mt 5, 17-37), vemos o programa de vida de Jesus e que, também, deve ser de todo cristão. Este texto se encaixa dentro do Sermão da Montanha (Mt 5-7), um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Jesus se apresenta como novo Moisés, proclamando, sobre a montanha, a vontade de Deus que leva a libertação ao ser humano.
Nestes ensinamentos, Jesus exige que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis em seus relacionamentos e que os discípulos sejam promotores da paz e da reconciliação.
Encontrar-se com Cristo e segui-lo não é um conjunto de preceitos. Amar a Deus não é um fardo, mas uma oportunidade de demonstrar nossa fidelidade com verdadeiras obras de caridade. “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!” (Hb 10, 7).
O Sermão da Montanha, nesse trecho, nos ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que proíbem as más ações, mas na limpeza da fonte de todas as ações: o coração, pois, dele procedem assassinatos, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações.
Neste Evangelho, Jesus nos ensina a lei do amor e os valores que elevam a vida em comunidade. Diante de nossa realidade, quanto desamor, quantas pessoas estão mortas, para nós. “Se houvesse um raio x capaz de mostrar o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos”. Peçamos a Deus a cura do coração: “Cura, Senhor! Cura, Senhor! Com teu amor”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR