Em todo o mundo, há hoje protestos para marcar o Dia Internacional da Mulher. Os manifestantes querem mostrar que, mais do que festejar, a data é uma oportunidade de chamar a atenção para situações de desigualdade.
Em Portugal, há hoje manifestações em várias cidades do país. A Rede 8 de Março, que organiza os protestos, lembra os 50 anos da primeira manifestação do Dia da Mulher depois do 25 de Abril, em 1974.
“Há 50 anos, as mulheres tomaram as ruas em Lisboa numa manifestação histórica do Movimento de Libertação das Mulheres, escreve a Rede 8 de Março, na convocatória dos protestos que têm como tema “Pão e cravos”.
#HOJE é Dia Internacional da Mulher.
Há 50 anos, a 8 de março de 1975, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) organizava a primeira manifestação livre em Portugal para assinalar a data. As principais exigências prendiam-se com o reconhecimento de igualdade de direitos entre… pic.twitter.com/dVgAZrKNPB
— 50anos25abril (@50anos25abril) March 8, 2025
Na Polônia, a interrupção voluntária da gravidez volta a estar no centro dos protestos. Ativistas do grupo Abortion Dream Team abriram um centro de distribuição de pílulas abortivas, junto ao parlamento.
Este centro é uma forma simbólica de pressionar os políticos a mudar a lei, uma das mais restritivas da Europa. As ativistas foram acompanhadas de seguranças privados durante a abertura, num país muito marcado pela influência da Igreja Católica.
A liberalização do aborto foi uma das promessas eleitorais do primeiro-ministro Donald Tusk que tem, no entanto, encontrado resistência dentro da coligação com quem está a governar o país.
Na Turquia, milhares de pessoas saíram à rua em diferentes cidades. Protestos que foram acompanhados perto pela polícia de choque. Vários grupos feministas acusam o Governo do presidente Recep Erdogan de restringir os direitos das mulheres e não fazer o suficiente para lidar com a violência contra as mulheres.
Em 2011, Erdogan retirou a Turquia da Convenção de Istambul, respeitante a violência doméstica. Este ano de 2025 foi declarado o Ano da Família, um projeto que para as feministas é uma forma de promover a limitação do papel das mulheres à família e à maternidade.
Na Itália, uma procissão colorida, com mulheres, homens, mas também crianças e idosos, marchou pelas ruas de Roma até ao Circo Máximo, na sequência da manifestação convocada pelo nono ano consecutivo pela associação “Non una di meno”.
O movimento feminista e transfeminista luta desde 2016 contra todas as formas de violência de género e “contra todas as faces que o patriarcado assume na sociedade em que vivemos”. De acordo com os organizadores, houve mais de vinte mil participantes.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra todo o fascismo, contra a violência contra as mulheres e o patriarcado. Mas também a favor das mulheres palestinianas ou curdas, contra os governos de Milei na Argentina ou Trump nos EUA, contra a Europa que se quer armar.
Foram lançadas bombas de fumo cor-de-rosa e foram exibidos cartazes contra o Ministro da Educação Giuseppe Valditara. Também foi exibido um cartaz para Giulia Cecchettin, a jovem mulher morta pelo seu ex em novembro de 2023, que se tornou um símbolo trágico do feminicídio.
Espanha também foi palco de manifestações em massa pelos direitos e igualdade da mulher. Em Madrid, mais de 80 000 pessoas, segundo os organizadores (25 000 segundo a Delegação do Governo), percorreram as ruas de Atocha até à Praça de Espanha sob o lema “o feminismo foi a chuva necessária”. O mau tempo não impediu que os cidadãos aderissem à causa, demonstrando que o empenhamento na igualdade ultrapassa qualquer obstáculo meteorológico.
A manifestação reuniu ativistas de todas as idades, desde veteranas com décadas de luta feminista a jovens raparigas com cartazes com mensagens como “não somos princesas, somos guerreiras”. Homens e mulheres uniram-se pela igualdade, sublinhando a inclusão de um movimento que muitos participantes descreveram como benéfico para a sociedade em geral.
Um tema recorrente entre os manifestantes foi o alarme sobre as atitudes machistas dos adolescentes. A preocupação com uma possível regressão nos valores de igualdade entre os jovens foi evidente nos testemunhos recolhidos. Muitos manifestantes apontaram a influência negativa das redes sociais e de certos discursos que parecem estar a impor-se entre os jovens. Os participantes insistiram na importância de não dar por garantidos os direitos conquistados, lembrando que qualquer progresso pode ser revertido se não for mantida uma atitude vigilante e combativa.
Há dois movimentos distintos: o da Comissão 8M, de manhã, e o do Movimento Feminista de Madrid, à tarde. A mesma situação repetiu-se noutras cidades, como Barcelona, onde as feministas marcharam em manifestações diferentes, evidenciando as discrepâncias internas que o movimento atravessa atualmente. A manifestação da manhã contou com a presença de representantes do PSOE, Podemos e Sumar.
No Afeganistão, o Governo emitiu um comunicado a defender o país em matéria de direitos das mulheres. No texto, os talibãs escrevem que as afegãs vivem em segurança, com os direitos protegidos.O porta-voz do Governo talibã, Zabihallah Mujahid, disse ainda que a prioridade do país é a defesa a dignidade, da honra e dos direitos das mulheres.
Mas as Nações Unidas parecem ter outra opinião. A chefe da Missão da ONU no país, Roza Otunbayeva, disse que “o apagamento das mulheres e crianças afegãs da vida pública não pode ser ignorado.”
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