O aniversário mais triste da nossa MÃE MARINGÁ

Editorial de O FATO: Por José Carlos Leonel - Maringaense de 1967

O aniversário mais triste da nossa MÃE MARINGÁ
                
                    Editorial de O FATO: Por José Carlos Leonel - Maringaense de 1967

 

O de número 73, é o aniversário mais triste que Maringá já viveu. Coletivamente falando, é também o dia das mães mais triste da cidade canção.

Eu não me lembro de um momento tão difícil assim para todos.

Nasci em 1967 lá no hospital Santa Rita e meu pai chegou em Maringá em 1951; mais maringaense do que isso, impossível. Estudei no Castro Alves, escola que nem existe mais, e no Instituto de Educação onde tive a honra de ter como professor de música, nada mais, nada menos do que o autor do Hino a Maringá, Maestro Aniceto Matti.

Com os amigos e infância explorei o Horto Florestal entrando por uma galeria pluvial que passava por baixo da avenida Teixeira Mendes. O túnel ficava onde hoje está o Teatro Calil Haddad. Os meninos da zona 5 e 6, não temiam atravessar por aquele atalho que nos levava diretamente dentro da mata, e dali para o laguinho de águas então cristalinas, onde a gente nadava depois que os portões do local se fechava. 

Voltando ao terreno onde está o Calil, lembro que ali, havia um célebre campo de futebol, e falando de campinhos, lembro também daquele de terra no final da avenida Paranavaí, do campão da Conterpavi, da quadra da Penha, e ainda do Beira Linha, que levava tal nome por ser colado à linha do trem, na baixada da Brasil no Maringá Velho.

Tudo isso não existe mais porque a cidade passou por transformações que a tornaram o que é. Os campinhos hoje são de grama sintética e o maringaense que hoje tem 25 anos, com certeza nunca entrou no Horto que está fechado pelo menos há 20.

Para uns, a cidade hoje é melhor, para outros nem tanto, mas é sempre a linda flor do hino de Aniceto Matti.

Sou ainda o menino de 10 anos que viu o Grêmio de Itamar Belasalma e Capão, ser campeão do Paraná; vi também o Didi pôr a bola nas costas junto ao pau da bandeirinha deixando zagueiros da capital sem saber o que fazer, mas há também quem como meu pai, que viu o outro Grêmio, o esportivo de Roderlei, campeão brasileiro sem taça até hoje.

São só algumas das muitas memórias que coloquei no papel neste momento para servir de estímulo a você maringaense que tem outras lembranças, de outros tempos, de outros bairros, também se recorde de seus próprios laços com a terra vermelha.  

Quando chega maio, para o maringaense é festa, não só porque comemoramos o aniversário de nossa querida cidade, mas também porque tem o dia das mães e por aqui acontecem tantas coisas; a temperatura começa a ficar mais baixa, para quem gosta tem festa no Parque de Exposições, tem desfile, as praças ficam cheias e cada um comemora do jeito que quer esse gostoso privilégio de “ser maringaense”.

Mas veio esse danado 2020, que pior não podia ser, e do nada nos tirou a alegria de sentarmos no gramado da catedral nas tardes de domingo, e essa é só uma das poucas coisas que tivemos que abrir mão, porque de verdade mesmo. nos tirou muito mais.

Hoje não vou poder abraçar minha mãe que por coincidência não exata, também completa 73 esse ano.

Não abraçarei meu pai que completa 85 no dia 12. Maio é mesmo especial para mim e haveria outros motivos para abraços não fosse o ego de alguns.

Quis o destino que o 10 de maio desse 2020 nos trouxesse uma dura lição que não esqueceremos jamais; a começar pelas seis mortes que da Covid e pelas oito de Dengue, que em parte são de 2019.

Epidemia e pandemia, é isso que temos neste domingo 10 de maio, aniversário de Maringá e também Dia das Mães. Momento que nos faz ficar quietinhos em casa, longe do abraço da mãe, daquele gostoso almoço em família, do desfile de aniversário da cidade, dos passeios aos parques do Ingá e Japão, das praças cheias de flores, de verde, de gente e de vida.

Ontem o Paraná registrou mais uma morte por Coronavírus. É só uma dirá o insensível desavisado; é morte de uma  mãe de 87 anos que hoje não está mais entre nós. No Paraná a Covid-19 já matou 107 e a Dengue 111 até 22/04.

O Brasil conta no 10 de maio, seus quase 11 mil mortos. 730 só ontem, 9. Quem sabe quantos serão hoje ? O país por enquanto, só fica atrás só da França, Espanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.

Sobre a pandemia que nos impede apertos de mãos, abraços, beijos, e que nos faz andar de máscaras e embebidos em álcool em gel, digo que apesar de tudo, o Paraná pode ainda esperar que não terminemos como a maior parte do país, como São Paulo por exemplo.

A única morte de ontem no Estado, não é aquele zero que esperamos com ansiedade, mas não dá para esconder o entusiasmo que a percepção que redução de óbitos dos últimos dias traz para quem acompanha de perto os números desta tragédia que se terminasse hoje já é grande demais.

OTIMISTAS COM OS NÚMEROS, ESPERANÇOSOS COM O FUTURO E INCOERENTES COM AS AÇÕES

Maringá tinha até ontem, 22 pessoas em tratamento da Covid-19, nome da doença do Novo Coronavírus. Destas, quatro estão hospitalizadas (duas em UTIs e duas em enfermarias), e 18 estão fazendo tratamento em isolamento domicilliar.

Entre os 381 casos suspeitos em acompanhamento, pessoas que estão aguardando o resultado dos exames, somente sete estão internadas, (cinco delas em enfermarias e duas em UTIs). 

Não há crianças entre os positivos e nem mesmo entre os casos suspeitos.

O resultado apresentado neste sábado, 9, pelo boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá pode ser considerado muito confortável, contudo, se olhamos para a taxa de ocupação dos leitos percebemos que não é o caso de comemorar. A media de ocupação é de 53,05% nos leitos de enfermarias, 57,83% nos leitos de UTIS para adultos e de 69,09% nos leitos de pediatria. Os números são contraditórios e o boletim não explica porque a ocupação é tão alta se o número total de internados com a doença e com suspeita baixou tanto. 

Por que ? Não sabemos. 

O que sabemos ? Sabemos que o bom resultado se deve ao êxito positivo dos primeiros 30 dias de isolamento impostos pelo decreto municipal que fechou o comércio entre os dias 20 de março e 20 de abril. Na verdade já a partir do dia 10, o isolamento real foi se reduzindo, começaram as flexibilizações de aberturas e também as liminares de alguns setores produtivos e o movimento na cidade foi aumentando aos poucos. 

De ontem para cá, podemos dizer que só as regras de higiene e distanciamento vigoram para tentar reduzir o risco de contágio. A cidade ontem estava cheia e a prefeitura sabe que os riscos são grandes, mas ousou permitir o retorno de praticamente tudo, shoppings, similares e até academias. Cultos, Missas e cerimônias religiosas também estão permitidos com presença de público, mas há que se obedecer várias regras. O resultado dessa folia veremos somente a partir do dia 22 de maio, 14 dias após a publicação desse decretaço, o 637/2020 que pode ser lido neste link.  Será a partir dessa data que perceberemos se valeu a pena ou não sair do isolamento. Todos esperam que os primeiros 30 dias tenham sido suficientes, mas há temores.

O decreto publicado ontem pela prefeitura de Maringá surge como resposta à pressão dos comerciantes sufocados pelas dividas acumuladas, e só foram possíveis porque a circulação do vírus na cidade diminuiu, e só diminuiu,porque mesmo em modo parcial o isolamento social dos primeiros 25 dias foi muito eficaz.

O problema é o momento em que isso acontece.

É verdade que o inverno só começa dia 22 de junho, mas o frio não sabe disso, e aqui no noroeste do Paraná mesmo que em maneira menos dura que no sul, se sente e como se sente. Outro fator negativo de ver toda essa gente na rua, são os números do resto do país. O Brasil superou neste sábado, 9, a triste marca das 10 mil mortes e sexta foi um dos dias mais terríveis dessa pandemia até agora. As famílias de 751 pessoas choraram a perda de seus entes para esse danado vírus.  

Nosso domingo 10 de maio de 2020 entrará para a história como o dia das mães e o aniversário de Maringá mais triste de todos os tempos.

A esperança é que que consigamos sair dessa, que possamos aprender a lição do quanto é importante a socialização mas acima de tudo que uns e outros entendam,que não são melhores do que ninguém.

Que todos entendam a cidade, não é um amontoado de casas e prédios, já que o Latim nos indica desde sempre que a cidade somos nós, pessoas reunidas em um lugar onde vivem juntas.

Outros 10 de maio virão e outros Dias das Mães também. Saberemos comemorar como nunca e lembrar de nossos mortos ? Com certeza se soubermos conservar essa dor na memória.

Não obstante tudo. Feliz Dia das Mães para você.

Que Nossa Senhora da Glória esteja com todas as mães que hoje vão ficar sozinhas em nome suas próprias seguranças e com todos nós filhos da Mamãe Maringá.

Parabéns Mamãe Maringá