O Significado do Natal e seus Símbolos, por Leomar Montagna

O núcleo de toda mensagem natalina é este: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós e nós vimos a sua glória” (Jo 1,14).

arte: arquidiocese Maringá

O Natal é a celebração do nascimento de Jesus, filho de Deus, que o enviou para que as pessoas aprendessem a amar e perdoar o próximo. A vinda de Cristo é, sem dúvida, o ponto central de toda a história, o evento verdadeiramente único para cada pessoa, para cada família ou comunidade reunida em nome de Jesus.
Eis alguns traços da espiritualidade do Natal:
– É um tempo novo, anunciado pelos profetas. É tempo de festa e alegria indescritível;
– O libertador chegou. O nosso Deus vem nos salvar e trazer a salvação para todos os povos;
– Deus nasce na mais completa miséria, no meio dos pobres. Os corações orgulhosos são depostos de seus tronos e os humildes, elevados;
– Anuncio festivo: “Eis que vos anuncio uma grande alegria. Nasceu-vos hoje um Salvador”;
– A família de Nazaré é reconhecida pelos pastores: “Foram às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura”;
– As nações procuram o Salvador, representadas pelos três reis magos vindos do oriente a Jerusalém: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido?”;
– Os pobres, os desprezados, os sofredores e marginalizados encontraram neste Menino o conforto, o alento e a esperança, pois a salvação chegou e o Natal é Jesus.

Jesus é a luz que brilha nas trevas. Isaías usa a imagem da luz para indicar a chegada do Salvador: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). É uma nova porta que se abre. É a esperança do Messias que chega ao coração daquele povo desanimado e oprimido pelo jugo da opressão. Nas trevas, símbolo do caos e da morte, surge de repente a luz, como símbolo de uma nova criação.

Significado dos Símbolos Natalinos

Presépio
Segundo a tradição católica, o presépio foi criado por São Francisco de Assis, no século XIII, em 1223, na região da Úmbria. Com a permissão do Papa, montou um presépio de palha que representava o ambiente do nascimento de Jesus, com pessoas e animais reais, e não bonecos. Nesse cenário foi celebrada a missa de Natal, e o sucesso foi tamanho que rapidamente se estendeu por toda a Itália. As esculturas e os quadros que enfeitavam os templos para ensinar os fiéis serviram de inspiração para que se criasse o presépio, que hoje é uma tradição no mundo inteiro.

Canções
Anjos cantores anunciam uma boa notícia. “Glória no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade”. Anjos, ou seja, mensageiros surgem nos céus para confirmar o nascimento do filho de Deus. Pela melodia que entoam prenunciam um novo tempo. As primeiras canções natalinas datam do século IV e são cantadas até hoje no tempo de Natal.

Reis Magos
O Evangelho de Mateus é o único a relatar a vinda dos sábios do Oriente. Posteriormente, acrescentaram-se inúmeras lendas, uma das quais dizendo que eles vieram da Pérsia. No século V, Orígenes e Leão Magno propõem chamá-los de reis magos. No século VII, ganharam nomes populares: Baltazar, Belquior e Gaspar, que trazem ouro, incenso e mirra para o menino Jesus. No século XV, lhes foi atribuída uma etnia: Belquior passou a ser branco. Gaspar, amarelo, e Baltazar, negro, para simbolizar o conjunto da humanidade.

Árvore de Natal
A árvore natalina é simbolizada por um pinheiro enfeitado de luzes e de bolinhas coloridas. Para os cristãos reúne dois símbolos religiosos: a luz e a vida.
Uma lenda conta que havia três árvores próximas ao presépio: uma oliveira, uma tamareira e um pinheiro, que desejavam honrar o recém-nascido. A oliveira ofereceu suas azeitonas e a tamareira, suas tâmaras, mas o pinheirinho não tinha nada a ofertar. Lá do alto, as estrelas desceram do céu e pousaram sobre os galhos do pinheirinho, oferecendo-se como presente.
A tradição da árvore é bem antiga (segundo e terceiro milênio A.C.), quando povos indo-europeus consideravam as árvores uma expressão da energia de fertilidade da natureza, por isso lhes rendiam culto. A civilização egípcia considerava a tamareira como árvore da vida e a enfeitava com doces e frutas para crianças. Na Roma Antiga, os romanos penduravam máscaras de Baco, o deus do vinho, em pinheiros para comemorar uma festa chamada “Saturnália”, que coincidia com o nosso Natal. Na mitologia grega, as árvores eram utilizadas para reverenciar deuses. Elas representavam as possibilidades de evolução e elevação do homem e erram consideradas intermediárias entre o céu e a terra. Na China, o pinheiro simbolizava a longa vida, e no Japão, a imortalidade.

Estrela de Belém
Na ponta da árvore de Natal e, muitas vezes, sobre o presépio, coloca-se a Estrela de Belém. Simboliza a estrela-guia dos magos e sábios do Oriente. A Estrela tem quatro pontas e uma cauda luminosa, como um cometa.

Sinos
As renas carregam sinos de anúncio e de convocação. O sino simboliza o respeito ao chamado divino e representa o ponto de comunicação entre o céu e a terra. Remete ao ambiente rural, ao tempo da igreja matriz e sua sinos e toques de aviso e de convocação para a vida e para a morte.

Velas
Lembra a remota festa pagã do Sol Invencível dos romanos, celebrada na noite do solstício de inverno, em 25 de dezembro. Os cristãos transformaram-na na festa da luz que é Cristo. Na chama da vela estão presentes todas as forças da natureza. Vela acesa é símbolo de individuação e de nossos anos vividos. Tantas velas, tantos anos. Para o cristão, as velas simbolizam a fé, o amor e a vida.

Papai Noel
São Nicolau, bispo de Myra (atual Turquia), no século IV, esse homem de fé marcante foi transformado lendariamente no Papai universal que oferece presentes, brinquedos e carinho às crianças. Uma lenda conta que São Nicolau, no dia de sua festa, seis de dezembro, passava de telhado em telhado depositando presentes nas meias colocadas nas chaminés. Ele estaria acompanhado de um “homem mau” encarregado de punir as crianças desobedientes. Era um homem bondoso, que ficava feliz em presentear gente pobre. Converteu-se, com o tempo, em protetor das crianças, dos marinheiros, dos viajantes e dos mercadores, os tradicionais provedores de presentes.

Presentes
Na antiguidade se trocavam presentes na festa do solstício de inverno, como sinal de renovação. Em Roma, festejava-se a deusa Strenia. Nos países nórdicos, o deus Odin, a cavalo sobre uma nuvem, trazia para as crianças recompensas ou punições, de acordo com o comportamento que apresentavam ao longo do ano. O atual Papai Noel, de roupa vermelha e saco às costas, nasceu nos Estados Unidos, na metade dos século XIX, como um São Nicolau sob a forma de gnomo ou duende e, logo em seguida, foi transformado em um simpático velhinho que vive no Polo Norte e tem amigos duendes que o ajudam a entregar os presentes. E, como cada país no mundo vive em um horário diferente, ele consegue entregar todos os presentes no tempo certo. Além disso, as renas que guiam seu trenó têm anos de prática e voam muito rápido.

Guirlanda ou Coroa
Em muitos países, durante o advento, se faz com ramos verdes ou de pinheiro uma coroa ou guirlanda com quatro velas para esperar a chegada do menino Jesus. Essas velas simbolizam as grandes etapas da salvação em Cristo. No primeiro domingo deste tempo litúrgico, acende-se a primeira vela, que simboliza o perdão a Adão e Eva. No segundo domingo, a segunda vela acesa representa a fé. A terceira vela simboliza a alegria do rei David, que celebrou a aliança e sua continuidade. A última vela simboliza o ensinamento dos profetas.

Bolos e Panetones
Uma série de bolos e massas preparadas somente para o Natal são conhecidos por todo mundo. O bolo recheado de frutas secas e uvas secas é uma tradição do Natal italiano. Ele foi criado na cidade de Milão, não se sabe ao certo por quem. Existem três versões, a primeira diz que o produto foi inventado, no ano 900, por um padeiro chamado Tone. Por isso, o bolo teria ficado conhecido como pane di Tone. A segunda versão da história conta que o mestre-cuca Gian Galeazzo Visconti, primeiro duque de Milão, preparou, em 1395, o produto para uma festa. A última versão, mais romântica, conta que Ughetto resolveu se empregar numa padaria para poder ficar pertinho da sua amada Adalgisa, filha do dono. Ali ele teria inventado o panetone, entre 1300 e 1400. Feliz com a novidade, o padeiro permitiu que Ughetto se casasse com Adalgisa.

Cartões de Natal
A confecção do primeiro cartão de Natal costuma ser atribuída ao britânico Henry Cole que, em 1843, encomendou a uma gráfica um cartão com a mensagem: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” porque não tinha tempo para escrever pessoalmente a cada um de seus amigos. Também, em 1831, um jornal de Barcelona, na Espanha, quis colocar em funcionamento a técnica da litografia felicitando seus leitores pelo Natal mediante uma estampa, o que já pode ser considerado uma forma de cartão de Natal. O costume de desejar Boas Festas com o uso de um cartão se estendeu por toda a Europa e, a partir de 1870, tais cartões começaram a ser impressos em cores. Já a partir dessa época a imagem do Papai Noel, com suas diversas variações ao longo das décadas, começou a ser frequente nos cartões de Natal.

Celebrar o Natal é deixar que Jesus viva em nós, a ponto de dizer o que o Apóstolo Paulo disse: “Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”.

Desejo Um Feliz, Abençoado e Santo Natal a todos. Que a paz de Deus reine sobre a terra e em cada coração.

Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR