O tempo é breve: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Por Leomar Montagna

O tempo é breve: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Por Leomar Montagna

Na Liturgia deste Domingo, III do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Jn 3,1-5.10), que, no século IV antes de Cristo, o povo judeu era dominado e oprimido pela Assíria, país pagão, muito detestado pelos mesmos. Diante disso, muitos achavam que Nínive, capital desse país, deveria ser destruída. Pelo presente, vê-se o futuro, pelo presente, podem-se analisar as consequências futuras. Nínive corre perigo. Qual será o destino, o fim de Nínive? Deus se preocupa com o destino de Nínive, se preocupa com o destino das nações, se preocupa com o nosso destino. Nínive é cada um de nós, é o mundo em que vivemos, é o pecado que nos atinge.

 

Deus chama Jonas para ser o seu porta voz, Jonas terá uma missão: salvar os ninivitas. Qual método ele usará? O que ensinará? Mesmo com medo e cheio de limites, ele ensina com a vida e com a palavra os caminhos do Senhor. Proclama que a salvação é para todos. Os ninivitas acreditaram em Deus, tomaram consciência do poder de Deus e da necessidade de mudar e, então, Deus compadeceu-se deles.

A disponibilidade dos ninivitas em escutar os apelos de Deus e em percorrer um caminho imediato de conversão constitui um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

 

Na 2ª Leitura (1 Cor 7,29-31), o Apóstolo Paulo nos transmite alguns ensinamentos: não absolutizar as coisas e pessoas. Buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus. O fim não é possuir mais, mas amar mais. O que permanece é o bem que realizamos, a caridade, a partilha. A Palavra nos diz que devemos ser generosos, evitar gastos com caprichos supérfluos, vaidades. Devemos cuidar da vida, cuidar da natureza, cuidar de si.

 

No Evangelho (Mc 1,14-20), apresentamos algumas chaves de leitura que poderão nos ajudar na compreensão do texto:

 

1º) João Batista foi preso – quais foram as causas?

 

2º) Jesus foi evangelizar na Galileia – levou a boa nova, mensagem de salvação num lugar de marginalidade. Qual era a visão que se tinha em relação à periferia: “De Nazaré pode vir algo de bom?”

 

3º) Jesus anuncia que o Reino está próximo – a atividade de Jesus é pregar o Reino, vitória do bem, romper com os esquemas do mal. Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo, pois ele não é apenas uma realidade espiritual, mas atinge o ser humano em todas as suas dimensões. O grande perigo hoje é reduzir a missão a uma teologia do pano, a uma liturgia da fumaça e a uma pastoral de prodígios. Não faz muito tempo, em uma aula com seminaristas, futuros presbíteros, falava-lhes para focarem o agir missionário com conteúdo e voltado para o compromisso do reino e não nos penduricalhos estéticos, pois muitos poderiam perceber e até comentar: “Quanto mais pobre o circo, mais se enfeita o palhaço”.

 

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), nos adverte para tomarmos cuidado com o que pregamos, “pois, em muitos lugares, a caridade e outras virtudes acabam ficando obscurecidas, precisamente aquelas virtudes que deveriam estar mais presentes na pregação e na catequese. E o mesmo acontece quando se fala mais da lei que da graça, mais da Igreja que de Jesus Cristo, mais do Papa que da Palavra de Deus” (EG, 38).

 

Enfim, O desafio duma pregação inculturada consiste em transmitir a síntese da mensagem evangélica, e não ideias ou valores soltos. Onde está a tua síntese, ali está o teu coração” (EG, 143).

 

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 

 

Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR