Distribuídos nas carrocerias de dois ou três caminhões, os pouco mais de 150 meninos e adolescentes que estudavam no Seminário Vicente Pallotti de Londrina dispunham mensalmente de um dia livre para um piquenique.
De outra forma, como acomodar em veículos uma “família tão grande”?
Finalmente, não era um caso único. Desbravadores nordestinos costumavam viajar em carrocerias de caminhão até o sul e até romarias a Aparecida do Norte também se realizavam algumas vezes assim.
Antes da partida, todos pedíamos um reforço de proteção aos anjos da guarda e lá íamos nós, felizes da vida, na “segurança” das carrocerias. Os motoristas dirigiam com todo cuidado, evitando, tanto quanto possível, rodovias movimentadas.
Nossos destinos geralmente não eram distantes: quase sempre os bosques às margens do rio Tibagi, do ribeirão “Três Bocas” ou piscinas cedidas por algum benfeitor que as possuía em propriedades rurais.
E viajávamos com “segurança”, sem nunca nos passar pela cabeça a ideia de algum menor despencar de uma e outra carroceria.
Entre os passageiros da foto, alguns eram originários de Maringá ou da região polarizada pela Cidade-Canção, tais como quem seria mais tarde o diretor do Colégio Vital Brasil, professor Manoel Gomes, o padre Zezinho (José Bortolotto), o padre Chiquinho (Francisco de Assis Muchiutti), o promotor de justiça Abel Tonon, o médico Alcir Barion e eu, ex-deputado federal constituinte, Tadeu França.
Pensando bem, o risco valia a pena. O zelo de nossos responsáveis pela “segurança” era sem limites e nem se imaginava que um dia seria criado o Estatuto do Criança e do Adolescente.