ONU apoia projeto promovendo resiliência climática para 250 mil pessoas no Ceará

Iniciativa “Sertão Vivo” quer preparar a população rural do estado brasileiro para resistir a padrões irregulares de chuva e secas prolongadas; implementação reforçará gestão sustentável da terra em áreas muito vulneráveis ​​às mudanças climáticas; iniciativa evitará emissão de 11 milhões toneladas métricas de gases poluentes.

Agência Brasil/Fernando Frazão

Um projeto apoiado pelas Nações Unidas promoverá a criação de sistemas agroflorestais integrados para aumentar a fertilidade do solo no Ceará, no Brasil.

A iniciativa também terá como foco a colheita, armazenamento e utilização de água para que as culturas e o gado possam resistir a padrões irregulares de chuva e secas prolongadas.

Gestão sustentável da terra 
Essas atividades evitarão a emissão de 11 milhões toneladas métricas de poluição de dióxido de carbono na atmosfera, o que equivale aproximadamente a 339 mil pessoas voando de São Paulo para Manaus.

O projeto “Sertão Vivo” começou a ser implementado no estado do Ceará neste mês de maio, visando a gestão sustentável da terra em áreas muito vulneráveis ​​às mudanças climáticas.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Fundo Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Agrícola, Fida, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Bndes e o Governo do Estado do Ceará.

Com um investimento de 252 milhões de reais, o projeto pretende fortalecer a resiliência climática de mais de 250 mil pessoas em 72 municípios.

Momento crítico para a segurança alimentar
O Ceará será o primeiro a implementar a iniciativa “Sertão Vivo” e será seguido pelos outros estados da região nordeste, com um investimento total de R$ 1,7 bilhão e benefícios para 1,8 milhão de pessoas. O projeto tem como meta priorizar a participação de mulheres, jovens e comunidades tradicionais.

O “Sertão Vivo” chega em um momento crítico para a segurança alimentar no Brasil. Segundo a rede acadêmica Penssan, mais da metade da população do país passou por insegurança alimentar em algum momento de 2022, um número que atingiu 63% entre a população rural.

Nas regiões Norte e Nordeste, quatro em cada 10 famílias disseram estar preocupadas com o acesso a curto prazo aos alimentos e com a qualidade dos bens alimentares disponíveis.

Segundo o Fida, a iniciativa representa um novo modelo operacional, combinando financiamento em grande escala de diversas fontes com investimentos centrados no ambiente e na luta contra as alterações climáticas como forma de reduzir a pobreza rural.

Redução da fome e da pobreza
Para a diretora do Escritório Regional do Fida para a América Latina e o Caribe, Rossana Polastri, “a agricultura familiar é essencial para mudar esta realidade, pois produz a maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e emprega três quartos da mão de obra agrícola”.

Ela acredita que o projeto focado em novas formas de produção sustentável, “pode e deve desempenhar um papel fundamental na redução da fome e da pobreza no país”.

O presidente do Bndes, Aloizio Mercadante, disse que o órgão “reafirma seu compromisso no enfrentamento da crise climática, que tem gerado tragédias cada vez maiores e mais frequentes”.

O financiamento conjunto do Fida, do Fundo Verde para o Clima, GCF, do Bndes e do próprio estado também construirá ou restaurará infraestruturas de pequena escala, como cisternas, que provaram funcionar bem ao longo de décadas de projetos apoiados pelo Fida na região.

A agência investe no Brasil desde 1980 com o objetivo de aumentar a renda dos pequenos agricultores, fortalecer as cooperativas, promover o desenvolvimento de grupos e cultivar novos mercados para a agricultura familiar e produtos socio biodiversos.

Até o momento, foram implementados 13 projetos com um investimento total de US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 297 milhões foram financiados pela Agência para apoiar 615.400 famílias.

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