As Nações Unidas fazem um apelo internacional para fornecer auxílio de emergência a vítimas das cheias no Paquistão, nesta terça-feira. Estima-se que serão necessários US$ 161 milhões para financiar a entrega de alimentos essenciais e assistência em dinheiro a quase 1 milhão de pessoas.
Os distritos mais afetados estão nas províncias do Baluchistão, Sindh, Punjab e Khyber Pakhtunkhwa. Segundo a ONU, cerca de mil pessoas morreram e mais de 30 milhões foram deslocadas em inundações provocadas pelas monções desde junho.
Recorde
Além disso, as fortes chuvas fortes acompanhadas por deslizamentos em todo o território paquistanês. Assim, a crise humanitária pode ter impactado pelo menos 33 milhões de pessoas em todo o país, o que é considerado recorde.
No terreno, agências das Nações Unidas e parceiros oferecem resposta de emergência no desastre que arrastou casas, rebanhos e safras. A Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão declarou emergência nacional enquanto coordena as avaliações e ajuda os afetados.
O coordenador residente da ONU, Julien Harneis, considera que a comunidade internacional deve se aliar à busca de soluções ao que chamou “grande desafio”. O também chefe humanitário no país pede o compartilhamento de encargos e solidariedade após a “catástrofe causada pelas mudanças climáticas”.
Animais
Um terço do país pode ficar submerso com a continuação das monções. O número de mortos poderá subir com a cheia dos rios que chegam a estradas e pontes. O contato com comunidades nas regiões montanhosas foi cortado em áreas do norte.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, destaca que as necessidades crescem rapidamente e precisa auxiliar a resposta liderada pelo governo.
Mais de 100 pontes e cerca de 3 mil quilômetros de estradas foram danificadas ou destruídas. Cerca de 800 mil animais de fazenda morreram e dois milhões de acres de plantações e pomares foram atingidos.
O PMA pretende expandir a assistência alimentar para 500 mil pessoas em províncias gravemente atingidas do Baluchistão. A agência anunciou que o apoio chegou a cerca de 42 mil pessoas em Sindh.
A distribuição da ajuda continua suspensa com as restrições de acesso em todo o país. Harneis alertou que a situação humanitária deverá piorar com o aumento de doenças e da desnutrição, aliados ao número de distritos afetados.
Visita oficial
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta terça-feira que com a trágica situação enfrentada por milhões de homens, mulheres e crianças afetados por enchentes históricas no Paquistão, viajará ao país na próxima semana para uma visita de solidariedade.
Ele deve chegar a Islamabad na sexta-feira, 9 de setembro e visitará as áreas mais impactadas. O chefe das Nações Unidas se reunirá com famílias deslocadas e testemunhará o trabalho de ajuda humanitária, que está levando apoio aos esforços de socorro do governo e fornecendo assistência a milhões de pessoas.
O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, destaca que entre as 6,4 milhões de pessoas que precisam de assistência humanitária no Paquistão, mais de 1,6 milhão são mulheres em idade fértil. O governo do Paquistão estima que cerca de 33 milhões de pessoas em todo o país são afetadas, incluindo cerca de 8,2 milhões de mulheres em idade reprodutiva.
Cuidados com meninas e mulheres
O Unfpa estima que quase 650 mil mulheres grávidas nas áreas afetadas pelas enchentes precisam de serviços de saúde materna para garantir uma gravidez e parto seguros.
Até 73 mil mulheres que devem dar à luz no próximo mês precisarão de parteiras qualificadas, cuidados com recém-nascidos e apoio. Além disso, muitas mulheres e meninas correm um risco maior de violência de gênero, já que quase 1 milhão de casas foram danificadas.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, também pediu hoje apoio para um aumento da ajuda de emergência para milhões de pessoas no Paquistão.
Segundo o chefe do Acnur, Filippo Grandi, as chuvas e inundações foram catastróficas para milhões de pessoas, por isso é necessário apoio global urgente e solidariedade para o país.
Atualmente, o Paquistão abriga cerca de 1,3 milhão de refugiados afegãos registrados e tem sido anfitrião de refugiados por mais de 40 anos. ONU NEWS