ONU: Recuperação da Covid-19 e combate à crise climática devem ser inseparáveis

Ex-presidente da Assembleia Geral afirma que mudança do clima não é ameaça menos urgente que pandemia; María Fernanda Espinosa fez a declaração em artigo de opinião sobre cinco anos do aniversário do Acordo de Paris; ela lembra pedido de chefe da ONU a líderes internacionais sobre menos discurso e mais ação.

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O mundo deve se recuperar da pandemia da Covid-19 com políticas claras e urgentes de combate à crise do clima. 

Apesar de boas notícias como as promessas de cortes drásticos nas emissões de dióxido de carbono, por parte de vários países, existe um longo caminho a percorrer para se alcançar as metas do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, firmado em 2015.

Prioridades

A opinião é da ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa. Em meados do mês passado, ela divulgou um artigo de opinião no jornal britânico The Guardian, sobre o tema, que foi uma de suas sete prioridades à frente da 73ª. Sessão da Assembleia Geral.

Espinosa, que representou o Equador na assinatura do Acordo de Paris, em 12 de dezembro de 2015, afirma que as Contribuições Nacionalmente Determinadas pelos Estados-membros, para cumprir as metas do tratado, têm sido irregulares, e em alguns casos baixas.

Ela elogiou o Reino Unido por fixar uma redução de pelo menos 68% das emissões de CO2 já para 2030 assim como Japão e Coreia do Sul, que planejam atingir a neutralidade em carbono até 2050, 10 anos antes do prazo indicado pela China.

A ex-presidente da Assembleia Geral defende mais esforços dos países ricos para com nações de rendas baixa e média na recuperação da Covid-19 e rumo à transição para uma economia de matriz limpa e sustentável.

Amazônia

A primeira latino-americana a presidir a Assembleia Geral, geógrafa e especialista em estudos da Amazônia, acredita que a maior oportunidade de ação contra a crise climática pode ser a própria pandemia. 

Segundo ela, os recursos destinados à recuperação da Covid devem levar a uma aceleração do combate à crise climática, que é uma ameaça não menos urgente que o novo coronavírus.

Espinosa acredita que as medidas não são só necessárias, mas também populares. Para ela, se os governos estão investindo em reativar a economia, nada mais justo que construir sociedades mais verdes, sustentáveis e resilientes em vez de apostar em “frágeis modelos do passado”.

A ex-presidente diz que é hora de produzir mais e mais carros elétricos, reflorestar áreas inteiras e readequar a infraestrutura para fontes renováveis de energia.

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Secretário-geral da ONU

Durante o aniversário do Acordo de Paris, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos países que declarassem um estado de emergência até que todas as nações atinjam a neutralidade em carbono.

Guterres apelou ainda a uma maior solidariedade no financiamento desta transição com os países desenvolvidos aportando suas promessas de apoio às nações em desenvolvimento. 

Para o chefe da ONU, não combater a mudança climática é como seguir em “guerra contra a natureza, que por sua vez sempre revida com força e fúria”.

Indicadores verdes

María Fernanda Espinosa fala na criação de “indicadores verdes” com projetos de obras públicas para adaptação climática e o lançamento de redes de energia renovável em pequena escala.

Já numa escala maior, a ex-chanceler do Equador advoga pelo alívio da dívida externa como as propostas pelo G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que inclui o Brasil.

Segundo ela, essas iniciativas deveriam ser ampliadas com espaço para que as nações em desenvolvimento possam atingir suas metas ambientais.

Ações concretas 

Por último, Espinosa propõe que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP-26, marcada para Glasgow, na Escócia, abrace um mecanismo específico para medir os esforços de recuperação da Covid-19 contra objetivos de ação climática de forma transparente, com um painel de controle na internet e acessível ao público para que o progresso possa ser monitorado por todos.

María Fernanda Espinosa lembrou o apelo do secretário-geral, António Guterres, durante a Cúpula de Ação Climática, em Nova Iorque, em 2019, quando o chefe da ONU pediu aos líderes internacionais que deixassem os discursos em casa e propusessem ações concretas.

Para ela, 2021 é o momento de se fazer exatamente isso: tomar ações para recuperar o mundo da pandemia e construir um planeta mais sustentável e com esperança para todos.
 

Fonte: Onu News