Por: José Carlos Leonel
Os meninos e meninas de Maringá que em 2023 já estão com 70 e poucos anos, ou mais, devem se recordar muito bem de todas as manhãs e tardes passadas naquela que no início de sua história nos idos da década de 70, era a maior e talvez única fonte de pesquisa escolar de acesso público.
Todos atrás da famosa enciclopédia Barsa, que era uma espécie de Google daqueles tempos; volumes que só chegavam lá e nas casas das famílias mais abastadas;
A sede histórica Biblioteca Bento Munhoz da Rocha Neto ficava na junção das avenidas XV de Novembro e Getúlio Vargas, tem como registro oficial de nascimento o dia 30 de novembro de 1975, dois anos após a morte do Governador que entre outras coisas também era escritor; bem antes, por volta de 1957, a biblioteca municipal que nem nome tinha, funcionava em uma pequena sala no paço municipal. Imprecisões à parte sobre as datas, e com mudanças de local, a biblioteca municipal, raiz das outras seis que o município possui atualmente, comemora em modo indicativo nesta primeira semana de setembro, os seus primeiros 60 anos.
Por ela, passaram nomes como o Maestro Anicetto Matti, ícone da Cultura Maringaense e que hoje empresta nome a edital cultural municipal de maior prestígio na cidade. Passaram também nomes ilustres como o escritor Ziraldo que sentou-se bem perto do piano de Joubert Carvalho na sala que leva também o nome do autor da música ‘Maringá” que doou nome à Cidade Canção.
Desde 2019, a Bento Munhoz não está mais no mesmo lugar, e hoje está na avenida que leva o nome do advogado Horácio Raccanello, outro personagem maringaense que também passou muitas vezes pela sede original da biblioteca na XV.
Na sede nova, no novo centro, sob número 6.990, a nova casa da Bento Munhoz da Rocha Neto chegou para ser provisória, e 4 anos depois, ainda está lá; dividida; por uma porta se entra na ala dos adultos e pela outra na das crianças; é como se o Bento Munhoz estivesse de um lado e o “da Rocha Neto”, do outro lado.
No local da antiga sede, hoje funciona o Centro de Ação Cultural de Maringá Márcia Costa – o CAC, que guarda memórias de várias gerações que por ali pesquisaram e paqueraram; é sim, porque a Bento, era também ponto de encontro da juventude, que entre oficinas de música, teatro e dança, viviam também boa parte de uma intensa vida social.
Todas as memórias de um passado remoto, unidas aos livros que ainda estão no acervo e que foram testemunhas dos olhos que os leram e dos dedos que neles deixaram suas impressões, hoje presenciaram uma geração de maringaenses de 8, 9 e 10 anos que se divirtiram na festa organizada pela Secretaria de Cultura para apagar as velinhas de uma velhinha que na verdade é uma jovem com muitas histórias para contar.
E por falar em histórias, os alunos das escolas públicas Padre Tanaka e Campos Salles que na tarde desta terça-feira, 5 de setembro ,estiveram na casa da Bento, ouviram música, cantaram juntos, e ouviram histórias contadas pelo Superintendente Francisco Pinheiro, que hoje, como ator que é, foi só contador de histórias.

Chico, contou aos novos leitores, a história do Pintinho que teve sua caneca de ouro roubada por um Rei egoísta e que saiu pelo mundo em posse de uma bolsa mágica com dentro um monte de amigos, termina com a recuperação da caneca que o bichinho entrega à mãe. O tesouro que ele recuperou, na verdade, para a mãe, valia menos do que ele pensava, pois a mãe desesperada com o sumiço momentaneo do filho, só pensava em reencontrar o filho, e nem da caneca queria saber. Com a Bento é mais ou menos a mesma coisa; sede nova ou sede velha, data certa ou incerta, certo é que, o tesouro que ela carregou até hoje, com livros, gente e memórias, e que ainda vai carregar com os filhos leitores do futuro, vale mais do que qualquer outro vil tesouro.
Viva a Bento e seus mais de 140 mil exemplares que esperam por você todos os dias.
O secretário de Cultura Victor Simião disse em entrevista a OFATOMARINGA.COM que a festa de hoje foi um momento mágico. “O compromisso da gestão é manter o acervo atualizado para que todo maringaense possa ter acesso à literatura e a exemplares de assuntos diversificados. A Biblioteca Centro preserva a história de Maringá. Gerenciamos seis bibliotecas na cidade. Nos últimos anos, o acervo saiu de 140 mil para 145 mil volumes. O aumento se refletiu no número de usuários, que atualmente conta 82 mil pessoas cadastradas”.
Amanhã, 6, tem mais festa; das 19h às 21h, será realizada a ação ′Noite na Biblioteca – Alice: brincando entre as estações do País das Maravilhas′.
QUEM FOI BENTO ?
