Na Liturgia deste Domingo, II do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Is 49, 3.5-6), que, no momento em que os exilados estão para voltar à pátria, o Servo, chamado Israel, expressão ideal do povo eleito (De início, provavelmente, uma pessoa, depois essa pessoa foi tomada como figura coletiva, sendo aplicada a todo o povo pobre e fiel. Os evangelhos aplicam a Jesus a figura do Servo), é apresentado por Deus como instrumento para revelar sua presença e sua glória na história de Israel. Num primeiro tempo, sua missão se restringe ao povo eleito. Num segundo tempo, será universal e Ele se tornará luz das nações e salvação de Deus até os confins da terra: “Vou fazer de ti a luz das nações para que a minha Salvação chegue até aos confins da terra”.
Hoje, o povo de Deus é este Servo. Deus nos chama, nos escolhe e nos envia como testemunhas de seus valores, de seus projetos e de sua salvação. Algumas pessoas assumem com mais intensidade a missão de dedicar sua vida à salvação do povo. Jesus é o Servidor da humanidade: dá sua vida para resgatar quem vive sob a dominação do mal.
Na 2ª Leitura (1 Cor 1, 1-3), Paulo saúda os cristãos de Corinto como apóstolo e lembra a vocação de todos à santidade, comprometidos com os valores do Reino. Ele vê, naquela comunidade local, a Igreja de Deus, mas reconhece que é Igreja juntamente com todos os que invocam, em todo lugar, o nome do Senhor. O conceito de Igreja é aplicado tanto à comunidade local, como à comunidade universal espalhada por toda a terra.
No Evangelho (Jo 1, 29-34), vemos que a atitude de João Batista é a daquele que, por etapas, progride na fé, no conhecimento de Cristo. O que provavelmente reflete a caminhada das primeiras comunidades cristãs em busca de uma experiência da presença do Senhor. Vejamos:
– Não o conhece: “Eu não o conhecia…” (v.31). Ou: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” (Mt 11, 3);
– Vê Nele o Messias sofredor: “Eis o Cordeiro (Servo) de Deus que tira o pecado do mundo” (v.29);
– Vê Nele o Santificador: “É o que batiza no Espírito Santo” (v.33);
– Reconhece que Ele é o Filho de Deus: “Eu vi e atesto que Ele é o Filho de Deus” (v.34).
João Batista insiste na identidade diferenciada de Jesus, acentuando sua origem divina e a presença do Espírito Santo Nele. Portanto, desde o início, Jesus é proclamado como alternativa ao sistema religioso da época, pois Ele é o Cordeiro de Deus, que está no lugar dos animais ofertados no Templo de Jerusalém para alcançar o perdão dos pecados.
A missão de João Batista é, também, nossa missão hoje: apresentar Jesus, tirar o pecado do mundo. Seguir Jesus é ser um pouco ‘Cordeiro de Deus’, ‘Cordeiro imolado’, isto é, sacrificar-se pela salvação do mundo. “Como ovelha foi levado ao matadouro” (At 8, 32). “Fostes resgatados de vossa maneira vã de viver, não com bens perecíveis, como a prata e ouro, mas pelo sangue precioso, como de um cordeiro imaculado e sem defeito algum, isto é, o sangue de Cristo” (1Pd 1, 18-19).
Outro fato que devemos destacar da vida de João Batista e que deve prevalecer em nossos dias: o importante é dar testemunho de Jesus, e não querer ocupar o seu lugar, ser oportunista, tirar proveito e buscar sucesso e ostentação pelo cargo que ocupamos na comunidade: “Convém que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30). Importante, também, na comunidade, é louvar a Deus pelos dons dos outros, daqueles que evangelizam com métodos diferentes dos nossos, que rezam e celebram de outras maneiras, que não necessariamente são iguais a nós, mas que, como João Batista, “dão testemunho do Filho de Deus”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR