Na Liturgia desta segunda-feira, 1ª Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (Hb 1,1-6), vemos que Cristo é o centro deste texto. O trecho é o mais denso de todo o Novo Testamento: Deus falou definitivamente em Jesus Cristo, o qual é a palavra viva e concreta de Deus. Tudo o que podemos falar sobre o projeto de Deus – criação, revelação e redenção – tudo encontra sua expressão definitiva em Cristo. Este é quem faz existir e salva toda criatura. Ele é igual em tudo ao Pai; e, glorificado, é muito superior ao mundo dos anjos.
No Evangelho (Mc 1,14-20), apresentamos algumas chaves de leitura que poderão nos ajudar na compreensão do texto:
1°) João Batista foi preso – quais foram as causas?
2°) Jesus foi evangelizar na Galileia – levou a boa nova, mensagem de salvação num lugar de marginalidade. Qual era a visão que se tinha em relação à periferia: “De Nazaré pode vir algo de bom?”
3°) Jesus anuncia que o Reino está próximo – a atividade de Jesus é pregar o Reino, vitória do bem, romper com os esquemas do mal. Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo, pois ele não é apenas uma realidade espiritual, mas atinge o ser humano em todas as suas dimensões. O grande perigo hoje é reduzir a missão a uma teologia do pano, a uma liturgia da fumaça e a uma pastoral de prodígios. Não faz muito tempo, em uma aula com seminaristas, futuros presbíteros, falava-lhes para focarem o agir missionário com conteúdo e voltado para o compromisso do reino e não nos penduricalhos estéticos, pois muitos poderiam perceber e até comentar: “Quanto mais pobre o circo, mais se enfeita o palhaço”.
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), nos adverte para tomarmos cuidado com o que pregamos, “pois, em muitos lugares, a caridade e outras virtudes acabam ficando obscurecidas, precisamente aquelas virtudes que deveriam estar mais presentes na pregação e na catequese. E o mesmo acontece quando se fala mais da lei que da graça, mais da Igreja que de Jesus Cristo, mais do Papa que da Palavra de Deus” (EG, 38).
Enfim, “O desafio duma pregação inculturada consiste em transmitir a síntese da mensagem evangélica, e não ideias ou valores soltos. Onde está a tua síntese, ali está o teu coração” (EG, 143).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR