Na Liturgia deste Domingo, X do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Os 6,3-6), que, por meio do profeta Oséias, Deus nos pede atitudes de vida que demonstrem nossa conversão e nosso compromisso. Deus não se deixa enganar por uma conversão superficial e passageira; o que Ele quer é mudança radical que se expresse numa prática de vida e não em simples ato de culto. Deus repudia o formalismo religioso não acompanhado do amor. A questão que se coloca aqui é: Como Deus quer ser cultuado?
Na 2ª Leitura (Rm 4,18-25), o Apóstolo Paulo nos apresenta o exemplo de Abraão, dizendo que não foram suas obras que o tornaram modelo para nós, mas sua adesão total e incondicional a Deus e aos seus projetos.
O Evangelho (Mt 9,9-13) narra o chamado de Mateus e a refeição de Jesus com os pecadores. Vemos que Jesus tem atitudes de misericórdia com as pessoas consideradas pecadoras e rejeitadas pela sociedade. Ele as convida para fazerem parte de sua comunidade. Mateus era um cobrador de impostos para as autoridades romanas, por isso, era discriminado, um excluído da vida social e religiosa. Jesus, ao chamá-lo, mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus. Jesus vê a pessoa, não as marcas colocadas sobre ela. E nós, impedimos ou facilitamos o acesso a Jesus? Como tratamos os diferentes? Nos colocamos como juízes? Temos preconceitos? Lembremo-nos que, se existe o mal, este é uma denúncia contra nós, nós não fomos tão bons, sal, luz, fermento.
Jesus chama os pecadores e comunga com eles, não classifica quem pode ou não comungar. Com seu gesto, imprime nova atitude religiosa, está nos dizendo que as pessoas precisam de saúde, misericórdia e perdão, que Deus não é lei, mas amor; não é punição, mas perdão; não é castigo, mas remédio. Jesus aceita a pessoa não só depois que se converteu e se esforçou para ser bom, mas enquanto ainda está a caminho e é pecador. Jesus perdoa para que se converta, mas o perdoa para que, amado, possa converter-se.
Finalizo esta reflexão com um questionamento: Nossas pastorais estão voltadas somente para o público de dentro? A quem nós chamamos? E quando chegam pessoas que estavam afastadas e são acolhidas, nós festejamos, rejeitamos, resmungamos? De quem nós, as pastorais e a igreja nos aproximamos? Alguns Grupos religiosos, no tempo de Jesus, se consideravam justos e, então, Jesus nada pode fazer por eles. Enfim, como devem ser tratados os pecadores na comunidade de Jesus? “Quero a misericórdia e não sacrifícios”. A comunidade de Jesus deve ser medicina da alma, medicina da família e medicina da sociedade: “Um por todos, todos por um, todos por todos, o tempo todo”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.