Desde 1930, Nossa Senhora da Conceição Aparecida é a padroeira do Brasil. A devoção a Nossa Senhora Aparecida é uma das principais expressões da piedade do povo brasileiro. Iniciou em 1717, no município de Guaratinguetá – SP, com três humildes pescadores que lançaram, por muito tempo, as redes, no Rio Paraíba, sem êxito. Após várias tentativas, retiraram, em dois lances de rede, o corpo e a cabeça de uma imagem da Imaculada Conceição, em seguida, a pesca foi abundante. Os pescadores viram, naquela imagem, apanhada nas redes, um sinal de que não estavam sozinhos, nem desamparados.
A pequena imagem de terracota e de cor negra foi levada para a casa de um deles e aí, então, passou a ser venerada com o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, porque foi achada (aparecida) nas águas do Rio Paraíba. Do oratório particular, a imagem passou para a primeira capela m 1745.
Fatos extraordinários aconteceram junto à imagem da Virgem Aparecida e os primeiros sinais por ela realizados espalharam sua fama e devoção. A pesca dessa imagem de cor negra não foi uma mera coincidência, pois, na época em que a imagem foi encontrada, a escravidão no Brasil era violenta, muitos negros massacrados pelos então senhores de engenho, “senhores de bem”, do ouro, do café etc. Nesta realidade, que “o céu desce”, Nossa Senhora vem para assumir a defesa dos negros, dos pobres, dos excluídos e pedir um basta a tanta injustiça contra seus filhos indefesos.
Aos poucos, as pessoas foram se reunindo ao redor daquela imagem para rezar e agradecer. A cada dia que passava, mais aumentava o número de fiéis devotos, então, foi necessário dar início à construção, em 1846, de uma igreja maior, inaugurada em 1888, e que hoje é conhecida como a Basílica Velha.
O número de romeiros continuava a aumentar, exigindo um templo ainda maior. Em 1955, iniciou-se, então, a construção do Santuário atual, que está ainda em fase de acabamento. A Princesa Isabel ofereceu a coroa de ouro, com a qual a imagem foi coroada no dia oito de setembro de 1904. Em 1929, no encerramento do Congresso Mariano, Nossa Senhora foi aclamada como Rainha do Brasil e, em 31 de maio de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, foi proclamada oficialmente Rainha e Padroeira do Brasil. Nessa oportunidade, a imagem de Nossa Senhora foi levada à capital federal, onde foi lido o decreto do Papa Pio XI, em presença do presidente Getúlio Vargas. Em 1967, o Papa Paulo VI enviou ao santuário de Aparecida a Rosa de Ouro, colocada ao lado da imagem, sendo um presente com que se agraciam os grandes santuários. A monumental Basílica atual foi consagrada pelo Papa João Paulo II no dia 14 de julho de 1980, também estiveram celebrando nesta Basílica, os Papas Bento XVI, em 2007, e Francisco, em 2013.
A devoção do povo brasileiro a Nossa Senhora, a peregrinação da Padroeira por toda a Pátria, a abertura de vias rápidas de condução e uma equipe especializada de sacerdotes e leigos puseram Aparecida entre os maiores centros de peregrinação do mundo. Dos primeiros cultos dedicados a Maria até nossos dias, os peregrinos jamais cessaram de rezar, de oferecer seus sofrimentos, dores, alegrias. Milhares de romeiros vão ao santuário de Aparecida a fim de agradecer e pedir graças.
Os santuários devem ser lugares de encontro com Deus e com as pessoas. Jesus também ia ao Templo para adorar a Deus. No templo, o povo oferecia sacrifícios a Deus, revivia o fato histórico da libertação do Egito, ouviam a leitura da Palavra de Deus e renovavam sua fidelidade ao senhor.
Hoje os devotos podem encontrar no santuário uma fonte para saciar a sede espiritual e dar-lhes força para a grande peregrinação da vida, rumo ao santuário eterno. O santuário não deve ser fanatizado, deve ser visto como um lugar onde os cristãos podem expressar a fé no Deus vivo, um lugar de encontro com Maria, mãe de Jesus e de todos nós. Porém, não nos esqueçamos, as presenças de Deus e de Maria não estão vinculadas apenas a um lugar, a um santuário, a uma promessa, a uma viagem, a uma vela… O que conta é a fé no projeto de Jesus que deve ser levado à frente. O que conta é ouvir a Palavra, é celebrar os sacramentos, é viver em comunidade, é praticar a caridade, como nos ensinou Jesus e como viveu Maria.
A verdadeira espiritualidade mariana não consiste tanto em rezar a Maria, mas rezar como Maria. Aquele que, em seu espírito, em sua espiritualidade e conduta prática se aproxima o mais possível de Maria, também se encontra numa estreita relação com Cristo e se coloca realmente na sua sequela, que conduz ao Deus uno e trino, nossa vida. Maria não é a meta da existência cristã, mas seu modelo e, neste sentido, é insubstituível.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, Nossa Mãe e Mãe de Jesus, Rogai por nós!
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR