PADRE LEOMAR: Na comunidade cristã cada um deve considerar outros superiores a si

"Reflexão litúrgica: Segunda-feira, 04/11/2024, Memória de São Carlos Borromeu, bispo, XXXI Semana do Tempo Comum"

Na Liturgia desta segunda-feira, XXXI Semana do Tempo Comum, vemos na 1ª Leitura (Fl 2,1-4), que Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum. 

No Evangelho (Lc 14,12-14), Jesus nos ensina a modéstia e a gratuidade na perspectiva do Reino de Deus. Na casa de um fariseu, durante a refeição, Jesus não fica refém de seus anfitriões, oferece dois ensinamentos importantes: um dirigido aos convidados e outro para o anfitrião. Ao dono da casa, Jesus ensina a não convidar as pessoas de bem, mas as que não podem retribuir, pois só assim demonstramos gratuidade: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos”. Aos convidados, ensina a não procurar o primeiro lugar, para que o dono da casa possa apontar o lugar mais importante: “Se te convidam a um banquete de bodas, não te coloques no primeiro lugar”. Ocupar o último lugar, o lugar do serviço, mais que um gesto isolado, indica uma atitude: a humildade de quem se reconhece necessitado dos outros, de quem é apenas convidado e não o dono da festa da vida.  

Quanto ao Evangelho de hoje, podemos fazer as seguintes considerações: 

1° – O dono da casa é Deus, Jesus Cristo; 

2° – O Banquete é o Reino de Deus, universal, todos são convidados; 

3° – A mesa é o espaço de relações, de partilha, não só de alimentar-se, mas de viver a intimidade, os projetos e a dignidade. Em nossos relacionamentos, acolhemos e nutrimos a caridade, o respeito e o diálogo? 

4° – A quem convidamos para nossos eventos? Teria lugar para o profetismo nestes lugares? Quem a sociedade mais valoriza? O que rende mais: a aparência do ter, do prazer e do poder ou a opção pelos mais necessitados? O que as pessoas mais preferem?  

5° – Quem vai ser convidado a entrar no Reino de Deus? Aquele que foi humilde e se colocou a serviço dos outros, assim como foi a vida de Jesus que veio para servir. “Eis que venho e com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39). 

Pensemos em nossas ações pastorais, em nossas opções políticas e em nossas atividades profissionais: Quem e o que colocamos em primeiro lugar? Pensemos a que vale a pena, de fato, nos apegarmos. Lembremo-nos daquele rei que era temente a Deus e, também, amava o seu povo e, antes de assumir o poder, queria escolher um lema para seu governo. Então, lançou um desafio para os súditos: elaborar uma frase em que os dizeres deveriam servir para quando ele estivesse triste e, ao mesmo tempo, quando estivesse muito feliz. O vencedor da frase escolhida seria promovido. Entre tantas frases, o rei escolheu uma com duas palavras, que não foi importante apenas para o seu desempenho, como deveria fazer-nos pensar em tudo que fazemos e a tudo que nos apegamos. A frase era: “Tudo passa”. 

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 

Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR