Pastor do culto da fome no Quénia vai ser julgado por terrorismo

Paul Mackenzie foi detido quando surgiram os primeiros dos 109 corpos já desenterrados, mas acabou transferido. Um outro pastor famoso no Quénia foi detido

O Quénia vai processar por “terrorismo” o líder da seita implicada na manipulação de mais de uma centena de pessoas para jejuarem até à morte no sudeste do país.

Paul Paul Mackenzie, o agora famoso pastor da Igreja das Boas Novas, tinha sido detido há duas semanas quando os primeiros corpos começaram a ser desenterrados de valas comuns.

O último balanço aponta para pelo menos 109 mortos após terem sido manipulados a jejuar na floresta de Shakahola até serem acolhidos por Jesus. As primeira autópsias já confirmaram as mortes pela fome.

Paul Mackenzie foi presente esta terça-feira a um tribunal de Malindi, que se revelou incapaz de o julgar e o libertou, mas a polícia voltou a detê-lo e levou-o para Mombaça, a segunda maior cidade do Quénia, 100 quilómetros a sul, também na costa do Índico.

O suspeito de manipulação pela religião será agora julgado à luz a da Lei da Prevenção de Terrorismo, revelou a procuradora queniana Vivian Kambaga, dando assim força à promessa do presidente William Ruto de levar à justiça “os terroristas” que “usassem a religião para promover uma ideologia obscura e inaceitável”.

Este caso, já apelidado como “o massacre de Shakahola”, também já levou a detenção de um outro pastor famoso no Quénia, Ezekiel Odero, que irá enfrentar acusações relacionadas ao culto que aparentemente professava a fome até à morte.

Odero também será presente a um juiz em Mombaça e os procuradores pedem uma detenção provisória de um mês para averiguar as ligações com Paul Mackenzie.

As suspeitas passam pela aquisição de um canal de televisão de Paul Mackenzie por Odero, que dessa forma se tornou famoso entre a muito religiosa sociedade do Quénia, com mais de 400 mil subscritores e de 70 milhões de visualizações, sublinha a France Press, e que pode ter ajudado a atrair crentes para o trágico culto. euronews