Uma pesquisa publicada neste mês (janeiro) em uma das mais conceituadas revistas na área acadêmica, o Journal of Biomolecular Structure and Dynamics, conduzida pelo professor doutor Flavio Seixas, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), descreve a identificação de uma substância presente em dois extratos vegetais capazes de inibir a multiplicação do coronavírus.
Os testes foram realizados em células infectadas com o vírus e tratadas com os extratos, cujos resultados demonstraram 100% de capacidade de inibir a infecção. Nas próximas fases da pesquisa, serão realizados testes em animais infectados em parceria com a FioCruz de Curitiba. O objetivo é avaliar se os extratos vegetais ou a substância isolada a partir deles, podem ser usados no combate ao coronavírus (Covid-19).
A pesquisa busca identificar substâncias que neutralizam as enzimas responsáveis pela multiplicação do vírus do SARS-CoV-2 que causa a doença. A meta é encontrar substâncias naturais que tendem a se ligar a estas enzimas para impedi-las de funcionar e, com isso, impedir a multiplicação e a progressão da doença. O uso de produtos naturais é uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos tradicionais.
Seixas destacou o potencial e a importância da flora brasileira como fonte de pesquisa para a identificação de substâncias capazes de combater diversas doenças, como a Covid-19.
“Ainda não sabemos quais substâncias podem ser usadas no tratamento de determinadas doenças. Se o desmatamento continuar perdemos um imenso patrimônio biológico que ainda não foi totalmente explorado. Esse material pode ser avaliado em pesquisas contra determinadas doenças, por isso é importante preservar e estudar a flora brasileira”, finalizou.
O estudo já havia gerado uma outra publicação, em setembro de 2022 na mesma revista, envolvendo o mesmo grupo de estudantes de pós-graduação da UEM, além de outros importantes pesquisadores desta instituição, como os doutores João Mello, do Laboratório de Biologia Farmacêutica; Rosane Peralta, do Laboratório de Bioquímica de Microrganismos e Alimentos e Maria Fernandez do Laboratório de Organização Funcional do Núcleo. Os estudos também contaram com a participação de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP de São Paulo e do Instituto Politécnico de Bragança (Portugal). ASC