O premiê polonês Mateusz Morawiecki convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional do país nesta terça-feira (15/11), após relatos ainda não confirmados de que mísseis russos teriam atingido uma fazenda no vilarejo de Przewodów, na fronteira entre Polônia e Ucrânia, matando duas pessoas.
A agência Associated Press disse que um alto funcionário da inteligência norte-americana não identificado foi a fonte do relato de que mísseis atingiram a fazenda na Polônia.
O porta-voz do governo da Polônia, Piotr Mueller, não confirmou a informação.
O Pentágono disse que não poderia atestar a informação, segundo a agência Reuters, mas que está checando os relatos.
A reunião do Conselho de Segurança Nacional polonês está marcada para as 17h pelo horário de Brasília.
A Reuters cita bombeiros poloneses ao informar que duas pessoas morreram em uma explosão em Przewodów.
“Bombeiros estão no local, ainda não está claro o que aconteceu”, disse Lukasz Kucy, funcionário de um posto dos bombeiros na localidade.
O brigadeiro-general Patrick S. Ryder, secretário de comunicação do Departamento de Defesa dos EUA, disse: “Nós tomamos conhecimento desses relatos na imprensa [polonesa]. Não temos informação nesse momento para corroborar esses relatos, mas estamos encarando isso com seriedade e verificando essas informações”.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que os relatos sobre os mísseis são uma “provocação deliberada” e que não realizou ataques na fronteira entre Ucrânia e Polônia.
Bombardeios em Kiev e outras cidades
Mais cedo, a Rússia lançou uma série de mísseis contra cidades importantes ucranianas, dias depois de tropas russas terem sido expulsas de Kherson, na região sul ucraniana.
A capital Kiev está entre as cidades atingidas. O prefeito Vitaliy Klitschko afirmou que prédios residenciais próximos ao centro da cidade foram danificados.
Ataques também foram registrados em Mykolaiv, Chernihiv, Lviv e outros locais.
Os ataques acontecem ao mesmo tempo em que líderes mundiais estão reunidos na cúpula do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, em Bali.
Na reunião, o governo de Vladimir Putin enfrentou duras críticas por causa da guerra na Ucrânia.
Guerra na Ucrâina
Fim do PodcastKlitschko afirmou que pelo menos uma pessoa morreu nos últimos ataques em Kiev. Vários mísseis russos foram derrubados, disse o prefeito da capital ucraniana.
Ele alertou que pelo menos metade dos moradores da cidade estavam sem eletricidade devido a interrupções de emergência — um “passo necessário para equilibrar o sistema de energia”, disse o prefeito.
Alertas de ataque aéreo soaram em toda a Ucrânia nesta terça-feira.
Em vídeo compartilhado pelo gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o que parece ser um bloco de apartamentos pode ser visto em chamas, com fogo saindo pelas janelas.
Uma moradora de 22 anos, Oleksandra, disse à agência de notícias Reuters que viu de sua janela “quando o foguete estava voando, um fogo brilhante e o som de algo voando muito próximo”.
Vitaly Kimm, prefeito de Mykolayiv, no sul, disse que mísseis russos foram lançados em três ondas.
Em Chernihiv, no norte, o governador Vyacheslav Chaus pediu que a população se abrigasse, acrescentando que “o ataque com mísseis continua”.
Já na cidade ocidental de Lviv, o prefeito Andriy Sadovy afirmou que também houve ataques, com cortes de energia como resultado.
Retirada de Kherson
Na semana passada, Moscou retirou suas tropas da cidade de Kherson, no sul — um grande revés para o exército russo.
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Em outros momentos da guerra em que a Rússia sofreu derrotas, o país também recorreu a ataques aéreos como uma forma retaliação.
Andriy Yermak, um conselheiro do presidente da Ucrânia, disse que os ataques desta terça-feira teriam sido uma resposta da Rússia ao “poderoso discurso” de Zelensky na cúpula do G20.
No discurso virtual, Zelensky abordou o que chamou de líderes do “G19” — desprezando Putin — e disse estar “convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode ser interrompida”.
Um esboço de declaração da cúpula, relatado por agências de notícias, afirma que “a maioria” dos países concordou que a guerra estava exacerbando as fragilidades da economia global.
Já Sergei Lavrov, ministro das relações exteriores da Rússia, afirmou que a declaração do G20 foi “politizada” pelos aliados ocidentais da Ucrânia.
BBC/Sam Hancock