A resposta para essa pergunta vale muitos bilhões de dólares, porque é complexa e carrega traços de fascismo e ódio que são quase sinônimos. A resposta que tem que ser construída sob a lente da luta contra as desigualdades sociais e não contra os pobres, também aparece com apoios espontâneos característicos das redes sociais, e que provocar um recuo decisivo nas pretensões de quem vê no Padre, um inimigo político.
Uma ilustração que está viralizando na internet, sintetiza bem a resposta completa. “Não mexa com Padre Lancelotti, ele não anda só”, se lê na ilustreação que coloca o padre da população de rua ao lado de Cristo e Santidades. Na ilustração se vê a figura de Cristo abraçado a Lancelotti, e nas redes sociais muitas pessoas fizeram questão de dizer que Lancelotti está recebendo o mesmo tratamento que o próprio Cristo receberia se aparecesse em São Paulo.
Pelo menos quatro vereadores paulistanos já cederam à pressão popular crescente causada pelo maçiço apoio que o Padre Júlio Lancelotti recebe após a tentativa de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito.
A Agência Brasil revela que “em dezembro, foi protocolado na Câmara Municipal de São Paulo um pedido de abertura de investigação das organizações não governamentais que atuam na região conhecida como Cracolândia, que concentra pessoas em situação de rua e com consumo abusivo de drogas na parte central da capital. Apesar do coordenador da Pastoral do Povo de Rua não ser citado nominalmente no requerimento de abertura da CPI, o vereador que fez o pedido, Rubinho Nunes (União), fez diversas declarações, inclusive pelas redes sociais, em que afirma que Lancellotti é o principal alvo. Nunes também declarou que pretende dirigir a investigação contra o movimento A Craco Resiste”.
Pade José Oscar Beozzo, Doutor em História Social, pela Universidade de São Paulo, USP (2001). Mestre em Sociologia da Religião, pela Université Catholique de de Louvain (Bégica, 1968), explica que as motivações dos ataques à Pastoral e a Lancelotti são claramente de natureza política. “Eles querem sumir com os pobres; é isso, eles não têm interesse em ajudar quem está trabalhando para obter solução”.
Nas redes sociais surgem apoios e análises, como a do Sociólogo Roberto Malvezzi que diz:
“Os vereadores paulistanos que atacam a Igreja Católica na pessoa do padre Julio Renato Lancellotti, não sabem que ele é protegido diretamente por cinco guardiões celestes: Santa Dulce dos pobres, Santa Terezinha de Lisieux (madrinha celeste de sua ordenação como padre), Santa Edith Stein, São Miguel Arcanjo e, sobretudo por São João Evangelista que não permite que o veneno dos inimigos chegue aos lábios e vida de padre Julio. Todos estes cinco guardiões celestes o cobrem com o manto sagrado da fé, do amor e da esperança. Todos não permitem que o veneno dessa gente diabólica o atinja em sua missão do sacerdote. A cada dia mais sereno e mais forte. A cada dia mais transparente enquanto seus detratores estão cada dia mais imundos e próximos do inferno. Lutam contra um homem de Deus, contra a Igreja do Ressuscitado e pensam que podem enfrentar estes quatro mensageiros e suas espadas de luz. Todos nós sabemos onde irá ficar o capeta e seus servos diabolicos depois de lutar contra São Miguel. Quem ataca a Igreja de Cristo verá a Glória de Deus manifesta aos seus ungidos.Aqui na terra Julio tem milhares de amigos e defensores. No céu muitos anjos e santos atuando por ele. Diante do padre Julio, o rei fica nu. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.”
No vídeo abaixo, é possível ver o padre Júlio Lancelotti participando da distribuição de alimentos à população que vive nas ruas de São Paulo.
O Núcleo Nacional Política e Religião Teologia da Libertação lançou uma petição na internet pedindo ao vereador Milton Leite de não permitir que vereadores persigam Padre Júlio Lancelotti. A petição pode ser acessada e assinada clicando neste link.
Diz o texto da petição:
Senhor Milton Leite,
Por meio deste abaixo assinado, vimos manifestar nossa profunda indignação e repúdio à convocação do padre Júlio Lancellotti, pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), para prestar esclarecimentos sobre seu trabalho realizado na cracolândia com a população de rua.
O padre Júlio Lancellotti é um verdadeiro herói, que há décadas dedica sua vida a ajudar os mais necessitados, especialmente a população de rua e usuários de drogas. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e ele já recebeu diversos prêmios por sua atuação humanitária, sendo reconhecido no Brasil e no mundo por seus esforços em reduzir os danos sofridos, impostos pelo sistema econômico e político ora vigente.
A convocação do padre Lancellotti por este vereador é uma clara tentativa de intimidar e censurar um dos maiores defensores dos direitos humanos em atividade no Brasil. O vereador, que já se manifestou contra a população de rua e os usuários de drogas, claramente não tem interesse em ouvir o que o padre tem a dizer, mas se notabilizar por sua estupidez política e para angariar apoios entre insensíveis e gente sem noção de caridade e serviço aos marginalizados. (Lucas, 10,25-37)
Se tivesse interesse, estaria apoiando com sua cota pessoal de emenda parlamentar e projetos de lei para apoiar a população de rua, mas ao invés disso, usa a função pública para espesotiar e agredir quem não pode se defender.
DO PEDIDO
A população de São Paulo em particular, e do Brasil como um todo, repudia essa atitude do tal vereador Nunes. Deste modo, recorremos à Vossa Excelência, que no uso de suas atribuições na presidência do Legislativo Paulistano forçar essa desconvocação imediatamente e que cesse a perseguição contra o padre Júlio Lancelotti por parte dos vereadores paulistanos e que o mesmo se desculpe publicamente por sua atitude.
A notoriedade que o vereador procura, prejudica a imagem do Poder Legislativo paulistano. Que seu egoísmo seja testemunha de suas ações e que as próximas eleições o defenestre da cadeira que hoje ocupa e que deveria honrar e não envergonhar nosso povo, pois a atitude deste sujeito não coaduna com os esforços que esta Casa Legislativa empreende para melhorar a vida desta sociedade.
Sendo a cidade de São Paulo a mais importante e por consequência a mais hospitaleira e cosmopolita cidade brasileira, não pode concordar com tal atitude de tão baixa qualificação, indo na contramão de todos os esforços que este nosso povo empreende todos os dias, em São Paulo, a cidade que não dorme, enquanto povo, para excluir a miséria social de forma definitiva do convívio humano.
Certos de que seu entendimento é o mesmo que o nosso:
Pedimos deferimento da presente petição
