O primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terminou e, para quem fez o exame, agora o plano é descansar e se preparar para as provas do próximo domingo (12). Segundo estudantes, a prova foi cansativa, com menos gráficos e tirinhas e mais texto do que edições anteriores. Professores classificaram como médio o nível de dificuldade desta edição.
Quando Cintia Oliveira, 45 anos, deixou o local de prova, a filha, Maria Eduarda Oliveira, 24 anos, já estava no portão esperando por ela. “Em 2017, foi ela que veio me buscar e agora eu vim com ela”, diz a filha, que com a nota do Enem entrou no curso de conservação e restauração na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mãe, que é costureira, quer usar a nota do Enem para entrar no curso superior. Ela ainda está decidindo o curso, mas pretende entrar na área de logística.
“Não estava difícil não, só não me preparei tanto quanto gostaria”, diz Oliveira. “Não tive muito preparo, chego do trabalho tarde, não estou fazendo cursinho, busco o conteúdo na internet, então, estudar em casa é mais difícil. Achei que tinham muitas questões voltadas para mulheres, preconceito, questões indígenas. Achei bem interessante”, complementa. Oliveira agora prepara-se para o segundo dia de exame e espera ir com a filha também para a faculdade.
Nível médio
Na avaliação do professor e autor do Colégio e Sistema pH Diogo D’Ippolito, a prova deste domingo teve nível de dificuldade médio para fácil, além disso, segundo ele, muitos conteúdos trabalhados ao longo do ensino médio ficaram de fora da avaliação. “Considero com abrangência média com relação aos temas do ensino médio, não passou por todos os temas trabalhados no ensino médio, o que já era de se esperar. Isso, entretanto, não invalida a relevância das questões, com temáticas socialmente importantes como racismo e questões de gênero”, diz.
Segundo ele, as questões estavam bem trabalhadas e desafiavam os estudantes a associarem o conteúdo à vida real, ao cotidiano e a pensarem isso de forma crítica. De acordo com o professor, a prova contou com menos imagens do que edições anteriores do Enem.
O diretor do Curso Anglo, Sérgio Paganim, concorda com D’Ippolito. “É uma prova com muito texto. Houve poucos gráficos, tirinhas, imagens, campanhas publicitárias, o que já foi uma tônica do Enem. A gente tem, na verdade, fundamentalmente, uma prova com uma quantidade muito grande de textos, de diversos gêneros textuais, mas textos verbais, escritos, o que leva à exaustão”, diz.
A presença dos textos, no entanto, faz com que o Enem seja menos conteudista. “Claro que cobra alguns conteúdos, mas a leitura dos textos é fundamental para estabelecer a relação entre a atualidade, entre os problemas sociais e entre os conhecimentos específicos das disciplinas abordadas”.
O Enem é a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A nota também pode ser usada para ingresso em universidades no exterior. Agência Brasil