Protestos na Colômbia duram há um mês e não têm fim à vista

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A Colômbia completa, esta sexta-feira, um mês de protestos antigovernamentais naquele que é o maior levantamento social da história recente do país.

Há quatro semanas que os atos de protesto e violência nas ruas se repetem diariamente, numa onda que cobra já um pesado balanço de vítimas, com dezenas de mortos, milhares de feridos e mais de uma centena de desaparecidos.

Aquilo que começou por ser um protesto contra a reforma fiscal proposta pelo governo, transformou-se num movimento de contestação global.

 
 

O presidente, Ivan Duque recuou no diploma da reforma fiscal, afirmando: “Dei uma instrução muito clara à equipa do Ministério das Finanças para que, no âmbito do processo legislativo, construa um novo texto com o Congresso”, mas isso não acalmou os ânimos. Os manifestantes exigiram também o fim da reforma dos cuidados de saúde, que o congresso acabou por rejeitar, e, finalmente, exigiram mudanças profundas num modelo de sociedade que consideram injusto e sem apoios.

As manifestações têm sido reprimidas pela força. As organizações internacionais apontam o dedo a Bogotá: “Testemunhámos o uso excessivo da força por agentes de segurança, tiroteios, uso de munições vivas, espancamentos de manifestantes e detenções”, disse Marta Hurtado, porta-voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

Segundo as autoridades, são 43 as vítimas mortais dos protestos, mas a ONG Human Rights Watch garante ter denúncias credíveis sobre 61 mortes, 24 das quais foi possível confirmar que têm relação com as manifestações. Trata-se de 22 civis e dois policias.

O executivo conservador acusa as guerrilhas e os traficantes de droga de financiarem e articularem o movimento antigovernamental.

 

As conversações entre a Comissão Nacional de Greve e o governo progridem muito lentamente, enquanto alguns movimentos apelam à reconciliação nacional.

Os protestos começaram no dia 28 de abril, na cidade de Tuluá, no departamento de Valle del Cauca.

Sem liderança nem agenda específica, os manifestantes têm muitas reivindicações, que se resumem num estado mais solidário e justo face à crise económica provocada pela pandemia e numa reforma da policia para acabar com os casos de abuso da autoridade e da força. Euronews