“Queremos o Piso e sem acordo vamos parar”, advertem enfermeiros dos hospitais privados de Maringá

Trabalhadores realizaram segundo ato público em menos de uma semana para pedir que a Lei Federal que criou o Piso Salarial seja respeitada.

Ou os hospitais privados reconhecem o Piso Salarial da Enfermagem ou vamos para o ato extremo da greve. Foi com essa mensagem que a categoria foi às ruas em Maringá nesta terça-feira, 4.

Os quase 6 mil enfermeiros que trabalham rede privada de hospitais de Maringá querem receber o Piso Salarial aprovado pelo Congresso Nacional em agosto de 2022. A Lei 14.434/2022 prevê um salário mínimo de R$ 4.750,00 para enfermeiros, R$ 3.325,00 para técnicos de enfermagem e R$ 2.375,00 para auxiliares de enfermagem e parteiras.

Acontece que logo após a aprovação da Lei, sindicatos patronais entraram com recurso no STF pedindo a invalidação da Lei. De lá para cá, a questão vem se arrastando, e mesmo com o Governo garantindo recursos para o pagamento do piso no setor público e subsídios para hospitais filantrópicos que atendem pelo SUS, quem trabalha no setor privado continua sem ter o direito garantido.

VEJA A ENTREVISTA COM EDNA FERREIRA – PRESIDENTE DO STESSMAR

É o que sustenta Edna Ferreira, presidente do STESSMAR – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde de Maringá e Região; ela afirma que a categoria já deveria estar recebendo o novo Piso há dois meses, mas que as negociações não avançam. Hoje pela manhã, Edna e cerca de 50 cinquenta trabalhadores participaram de um ato em frente à prefeitura de Maringá para divulgar para a população as razões que estão levando a categoria a pensar em parar.

Essa foi a segunda manifestação dos trabalhadores da Saúde privada em menos de uma semana. Na semana passada eles fizeram uma carreata que percorreu as principais ruas e avenidas da cidade. No protesto de hoje, Edna lembrou que a população sabe bem o valor que os enfermeiros tem, e que foi demonstrado sobretudo no longo período de pandemia, quando muitos perderam a vida na luta contra o vírus.

“Nós enfermeiros, não estamos aqui pedindo nada injusto; queremos o salário digno aprovado e reconhecido por Lei, e assim como no setor público onde foi garantido o pagamento do Piso, queremos que nos seja garantido também, afinal o enfermeiro é aquele profissional que acompanha você desde seu nascimento até os últimos dias de sua vida. Sabemos que a população reconhece e agradece nossos esforços, mas não podemos viver só de agradecimentos”, argumenta a presidente.

Segundo o STESSMAR, em Maringá há profissionais que recebem R$ 1.600,00 de salário e que são obrigados a terem dois trabalhos para poderem ter um mínimo de dignidade.

“Muita gente não veio aqui hoje porque estão saindo de turnos exaustivos de dois trabalhos; são jornadas de até 24 horas; isso não é justo’, explica Edna.

Ontem, o Supremo Tribunal Federal decidiu que em ausência de acordos coletivos, os hospitais privados tem que garantir o pagamento do Piso previsto na Lei. Diante dessa decisão, a presidente do STESSMAR reitera que em Maringá não houve acordo empregados e patrões, e que os hospitais tem que obedecer a decisão da corte.

“Não há cabimento discutirmos propostas que não contemplam o pagamento do salário mínimo; mas é esse o acordo que os hospitais estão propondo, querem pagar menos, e se nós cedermos e fizermos acordo, teremos trabalhadores recebendo salários menores do que o mínimo previsto por Lei”, concluiu.

A categoria estuda programar novas manifestações nos próximos dias na cidade.