Refúgio Biológico da Itaipu ganha novos moradores

Nascimento da lontra Ariel é inédito no Refúgio; a loba-guará Tangerina veio de um criadouro no Oeste Baiano

foto: Sara Cheida/Itaipu Biacional

O plantel do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), mantido pela Itaipu Binacional, ganhou dois novos filhotes. Em dezembro de 2023, a loba-guará Tangerina e a lontra Ariel se juntaram aos cerca de 350 animais que vivem no local. A lobinha já pode ser observada pelos(as) turistas que visitam o local, mas a lontra, ainda sob cuidados, precisará crescer um pouco antes de aparecer para os(as) visitantes.

Crédito Michelle Einsiedel Itaipu Binacional (3)

 

O nascimento da lontra (Lontra longicaudis) Ariel é inédito no Refúgio Bela Vista, já reconhecido por seu trabalho de destaque na reprodução de onças e harpias. Segundo o médico veterinário Pedro Teles, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, a equipe do Refúgio está mobilizada em compreender quais são as sensibilidades e desafios da espécie, já que as lontras funcionam como um animal símbolo de qualidade da água.

 

 

 

Elas precisam de um ambiente conservado, com qualidade e cheio de peixes para que possam viver – quer seja um rio, lago ou córrego; e a Itaipu precisa de água de qualidade para produzir energia”, explicou ele. “Então, as lontras são nossas ‘aliadas’, porque podem mostrar que a água está com qualidade suficiente para que também possamos usá-la para consumo, pesca e geração de energia”, afirmou Teles.

Ariel é filha do casal Mara e Bigode, antigos moradores do RBV. A mãe foi resgatada ainda muito jovem em 2020, em Pontal do Paraná (PR). Apesar de ter sido bem atendida e cuidada pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Répteis Marinhos da UFPR, acabou não desenvolvendo alguns comportamentos dos animais selvagens, o que prejudica, hoje, suas “habilidades maternas”. 

Segundo o veterinário, mesmo com a intenção de proteger o filhote, Mara acabava prejudicando-o, o que levou a equipe do Refúgio a optar por criá-lo na mamadeira. Sob cuidados, Ariel segue crescendo bem: com 50 dias, ela começou a se alimentar de peixes, mas ainda recebe quatro mamadeiras por dia. Por conta de todos esses cuidados, a lontrinha precisa de mais tempo antes de ir para o recinto aberto à visitação.

 

Loba-Guará

Tangerina faz parte do Programa Nacional de Manejo Ex-Situ do Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus). Ela veio de um criadouro conservacionista do Oeste Baiano, o Parque Vida Cerrado, e chegou ao Refúgio no dia 5 de dezembro, em boas condições de saúde. Segundo o médico veterinário Pedro Teles, o Programa, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), decide qual instituição parceira receberá cada animal, tanto os resgatados quanto os nascidos em cativeiro.

Crédito Sara Cheida Itaipu Binacional

“Para se trabalhar conservação, é necessário estabelecer parcerias e integração entre todas as instituições que mantêm esses animais. Nenhuma consegue fazer a conservação sozinha, porque não alcança o número necessário de animais para uma saúde genética. Então, monta-se uma população em nível nacional, e a partir daí organiza-se onde qual individuo será mantido ou destinado”, informou o veterinário.

 

 

Como o lobo-guará é uma espécie ameaçada de extinção, o trabalho que o Refúgio desenvolve tem como objetivo ajudar na reprodução e contribuir para a manutenção da genética, bem como possibilitar possíveis futuras reintroduções e revigoramento de áreas onde a espécie já foi ou está perto de ser extinta.

A pequena Tangerina e a loba-guará Aurora, de 18 anos, podem ser vistas no novo recinto criado para a espécie no Refúgio Bela Vista. O espaço tem como objetivo ser um “minicerrado” em meio à Mata Atlântica.

As ações de conservação da Itaipu estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre).

ASC/itaipu Binacional