O ministério da Defesa da Rússia informou esta terça-feira que a Ucrânia conduziu o primeiro ataque com mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos, contra a região de Bryansk.
Num comunicado divulgado pelas agências noticiosas russas, o ministério disse que os militares abateram cinco dos cinco mísseis enviados e danificaram mais um.
Os fragmentos caíram no território de uma instalação militar não especificada, segundo informou o ministério. A queda dos destroços provocou um incêndio, mas não causou quaisquer danos ou vítimas, garantiram.
“Os fragmentos caíram no território técnico de uma instalação militar na região de Bryansk, provocando um incêndio que foi rapidamente extinto. Não houve danos nem vítimas”, é possível ler no documeno divulgado.
A Euronews não conseguiu confirmar estas afirmações de forma independente.
O anúncio surge pouco depois de Washington ter levantado as restrições à utilização pela Ucrânia de mísseis de longo alcance fabricados nos EUA para atacar a Rússia.
A Ucrânia já tinha informado esta terça-feira que exército tinha realizado um ataque a um arsenal logístico das tropas russas perto da cidade de Karachev, na região de Bryansk.
De acordo com os serviços secretos ucranianos, o depósito era utilizado para armazenar bombas e munições, incluindo as fornecidas pela Coreia do Norte.
O ataque acontece depois de Vladimir Putin ter revisto a doutrina nuclear russa, que alivia as restrições de utilização do arsenal nuclear em caso de resposta a uma ataque do exterior ao país.
Que restrições foram levantadas por Biden?
Washington levantou as restrições de utilização dos mísseis ATACMS, em resposta ao envolvimento da Coreia do Norte na invasão total da Ucrânia pela Rússia.
Não foi esclarecido estes mísseis de longo alcance, fornecidos pelos EUA, podem ser utilizados em toda a Rússia, nas regiões fronteiriças ou apenas na região de Kursk, onde mais de 10.000 soldados de Pyongyang estão no terreno.
Se as alegações sobre o primeiro ataque ucraniano com ATACMS na região de Bryansk se confirmarem, isso significaria que as restrições foram levantadas não só para Kursk mas também para todas as regiões fronteiriças.
De acordo com o grupo de reflexão do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede em Washington, existem pelo menos 245 objetos militares e paramilitares russos conhecidos dentro do alcance dos ATACMS no território ucraniano, especificamente a sua variante de 300 quilómetros.
Há muito que os responsáveis russos têm vindo a utilizar uma retórica ameaçadora como parte do seu esforço para dissuadir os EUA e outros aliados da Ucrânia de levantarem as restrições aos mísseis de longo alcance, chamando-lhe uma “escalada”.
Na terça-feira, poucas horas depois do alegado ataque em Bryansk, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto que aprova a sua doutrina nuclear atualizada, alterando os parâmetros sobre quando a Rússia pode utilizar armas nucleares.
O documento atualizado, que define as condições em que a Rússia pode utilizar armas nucleares, afirma agora que qualquer agressão contra a Rússia por um Estado não nuclear, se uma potência nuclear a apoiar, será considerada um ataque conjunto.
Esta autorização dos EUA é, segundo o ISW, uma resposta bastante branda à escalada do Kremlin, que introduziu tropas norte-coreanas como combatentes ativos na guerra da Rússia contra a Ucrânia, dado que, tanto Moscovo como Pyongyang, são potências nucleares.
Putin’s introduction of North Korea as a new belligerent in his invasion of Ukraine was a major escalation. Allowing Ukraine to use US missiles against legitimate military targets in Russian territory in accord with all international laws and laws of armed conflict is a very… https://t.co/lr8wXA9sZC
— Institute for the Study of War (@TheStudyofWar) November 19, 2024