Ultimamente percebo uma mentalidade assustadora se proliferando em relação há muitas questões governamentais, pessoas com comportamento como se fossem de uma seita tenebrosa, pois as mesmas não levam em conta o conhecimento científico e o que é pior, abusam da fé, desvirtuam o nome de Deus ou o usam em proveito próprio (principalmente católicos fundamentalistas e evangélicos pentecostais).
Infelizmente são pessoas que seguem cegamente o “mito”, sem se preocupar com a verdade, com o bem comum, com o respeito pelo outro e com a dignidade humana.
Temos muitos exemplos na história de como a encarnação do mal se proliferou em personagens com aprovação de grande parte da população, como por exemplo Hitler, na Alemanha ou como foi o caso que em 18 de novembro de 1978, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown (Guiana), numa comunidade fundada por Jim Jones, pastor norte-americano e fundador do Templo Popular de uma seita pentecostal.
Estes absurdos que vemos sendo cometidos por um governo que, no mínimo, tem comportamento psicopata, e com seguidores aprovando tais atos, nos faz pensar que esta realidade demostra qual reino sobre a terra: de Deus ou do demônio? Qual seria a imagem do reino de satanás e do inferno sobre a terra? Precisaríamos buscar um imaginário? E porque tantas pessoas aprovam males explícitos que nem precisaríamos fazer muito esforço pela fé e pela razão para saber quanto são maléficos para a humanidade (por exemplo, apoiar a tortura, o feminicídio, as fake news, o gabinete do ódio etc)?
No Livro do Apocalipse vemos prenunciado os que seriam governados pela besta e pela opressão do demônio: “Conseguia que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, imprimissem na mão direita ou na fronte uma imagem da besta” (Ap 13,16). Isto tudo é oposição ao Reino de Deus. Uma pergunta que não quer calar: quando vimos uma palavra de conforto e compaixão de nosso presidente pelos que sofrem as mais trágicas situações? Sabemos que onde há o Espírito de Deus há solidariedade, justiça, amor pelos fragilizados: “Esta é a tenda de Deus com os homens. Ele vai morar com eles. Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus.
Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram!” (Ap 21,3-4). Jesus Cristo se sacrificou, derramou seu sangue para que os seus seguidores tivessem vida e vida em abundância (Jo 10,10), Ele se tornou o “Cordeiro Imolado” (Jo 1,29), mas os “mitos”, os “deuses”, querem o sangue, o sacrifício de seus seguidores. O delírio deles é o sacrificar as vítimas (idosos, pobres, indígenas, pessoas da periferia…).
Num contexto não muito diferente foi que apareceu Jesus. Ele viveu em época que parecia que o mundo estava prestes a chegar ao fim. Mas Jesus viu uma saída e, na verdade, mais que uma saída. Ele viu o caminho para a libertação e a realização total da humanidade. Viu na humanidade recuperada o seu tesouro (Lc 12,34). Mas, sabemos que os contemporâneos de Jesus o rejeitaram e reagiram com violência face ao seu comportamento. Qual era o comportamento de Jesus? Porque foi crucificado? Como se comportaram os Grupos Religiosos no tempo de Jesus: os Zelotas, os Fariseus, os Essênios, os Saduceus, os Grupos Apocalípticos e os Escribas?
Dentre todos esses grupos, Jesus decidiu ser batizado por João Batista e não aderiu nenhum desses grupos ou outros movimentos. João foi preso e decapitado porque tinha ousado falar em público também contra Herodes. Os outros grupos denunciaram a mulher adúltera porque era pobre, mas Herodíades, rica e do poder, ninguém denunciou, somente João Batista (Mc 6,14-29). João Batista foi o único homem que impressionou Jesus. João avisou do desastre que ocorreria se não houvesse mudança. Jesus interpretava os sinais dos tempos (Cf. Eclo 3), também viu que Israel caminhava para sua destruição, se não mudasse de mentalidade. Só de pensar nisso Jesus chorou (Lc 19,41).
Quais são os sinais dos tempos hoje? São de graça, de perdão, de justiça ou de ódio, mentiras, desunião e de exclusão? O Evangelista São João soube ver os sinais dos tempos. A guerra atômica e a morte da vida natural do planeta parecem anunciados no Livro do Apocalipse: Ap 6,1-8 e Ap 9,13-21. A besta tem poder sobre a terra, poder para tirar da terra a paz, a fim de que as pessoas se matem uns aos outros, mas Deus pode cessar esse poder, Ele se coloca do lado da vida e de todos os que nele confiam e clamam sua misericórdia.
Concluo dizendo que tenho confiança na descoberta da cura desse mal do coronavírus, mas, no momento, diante de tais condicionamentos, fica difícil dizer o mesmo dos que foram contaminados pelo vírus psicótico de uma mentalidade irredutível à argumentação lógica. Alguém disse nesses dias: “Essas ideias malucas são de tal modo arraigadas e tão fortemente compartilhadas que são tal qual o delírio, irremovíveis. Não adianta argumentar, não adianta mostrar a falta de lógica do pensamento deles. Não há diálogo com delirantes”. A fé e a razão estão há anos-luz de penetrar em seus corações. A misericórdia de Deus certamente quer tocá-los, mas o fechamento é tamanho que não encontra espaço para entrar e transformar suas mentalidades. Mesmo assim, nossas orações e nossa compaixão por eles, combatemos mentalidades maléficas, mas amamos as pessoas. Quem sabe um dia ocorra um milagre como ocorreu com o filho perdido: “Quando ele finalmente voltou ao seu juízo, caindo em si, regressou para a casa do Pai” (Cf. Lc