A guerra no Sudão destruiu milhões de vidas e criou a maior crise de deslocados do mundo, segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas.
Mas a fome pode vir a matar mais do que o conflito em si. O retrato é traçado por Cindy McCain, diretora-executiva do PAM.
Hunger in #Sudan risks becoming more lethal than the fighting itself as the humanitarian crisis spreads to surrounding countries.
Without action, the future of the region is at stake. pic.twitter.com/Idl7kJCyBc
— Cindy McCain (@WFPChief) March 6, 2024
Se os combates não terminarem, alerta McCain, pode gerar-se “a maior crise de fome do mundo“.
“Há vinte anos, Darfur foi a maior crise de fome do mundo e o mundo mobilizou-se para responder. Mas, atualmente, o povo do Sudão foi esquecido. Estão em jogo milhões de vidas, e a paz e a estabilidade de toda uma região”, afirmou Cindy McCain no Sudão do Sul, onde se encontrou com famílias que fogem da violência e da fome galopante no Sudão.
Cerca de 18 milhões de pessoas em todo o Sudão enfrentam uma fome aguda.
Mais de 25 milhões de pessoas no Sudão, no Sudão do Sul e no Chade têm de lidar com insegurança alimentar. O PAM não consegue fazer chegar ajuda de emergência suficiente às comunidades desesperadas do Sudão, que se encontram encurraladas pelos combates, devido à violência incessante e à interferência das partes envolvidas no conflito.
Atualmente, 90% das pessoas que enfrentam níveis de fome de emergência no Sudão estão presas em zonas que são em grande parte inacessíveis à missão das Nações Unidas.
A situação agravou-se depois de terem sido revogadas as autorizações para a entrada de camiões na fronteira.
Cada vez mais pessoas fogem para o Sudão do Sul e para o Chade, e a resposta humanitária está num ponto de rutura.
A Renk, no leste do Sudão do Sul, chegaram quase 600.000 pessoas nos últimos 10 meses, vindas do Sudão. As famílias chegam com fome e são confrontadas com mais fome.
Atualmente, o Sudão tem nove milhões de deslocados internos e 1,7 milhões de exilados, o maior número do mundo neste momento, tendo superado os sete milhões de sírios deslocados.
EURO NEWS