Todos somos chamados por Deus e enviados em missão, por Padre Leomar Montagna

"Reflexão: Liturgia do XV Domingo do Tempo Comum, Ano B – 11/07/21"

Todos somos chamados por Deus e enviados em missão, por Padre Leomar Montagna 
                
                    "Reflexão: Liturgia do XV Domingo do Tempo Comum, Ano B – 11/07/21"

Na Liturgia de Domingo, XV do Tempo Comum, veremos na leitura do livro do profeta Amós (7,12-15) que no ano de 760, antes de Cristo, Jeroboão era o Rei de Israel, com sede em Betel, onde estava situado o santuário. A corte governava para uma pequena parcela de privilegiados e entre eles estavam os sacerdotes do templo. Neste sentido, a religião era um suporte ideológico para encobrir as injustiças e práticas perversas, pois mantinha uma realidade de abismo entre ricos e pobres por meio de uma sustentação teológica. É neste contexto que Deus manda o profeta Amós, especialmente neste momento difícil, pois a fé e a moral estão degeneradas e os valores estão diluídos. Um profeta sempre é escolhido por Deus, ensina com palavras, mas mais ainda com seu testemunho de vida. O profeta não visa seu próprio interesse, não teme desafiar a ordem estabelecida, defende a justiça e discerne quando o poder é ou não legítimo. Para ele a religião tem que ser comunhão com Deus e não suporta a falsidade do culto, por isso ele é sempre uma voz incômoda. Amós é expulso pela corte e pelos funcionários do templo: Vai-te daqui… porque aqui é o santuário do rei”. Em nome de Deus, o profeta segue sua missão com ousadia e coragem, assim como fez Jesus: “Passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (Lc 4,30).

 

No Evangelho de Marcos (6, 7-13) é Jesus quem envia os seus apóstolos para evangelizar: “Então, Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois”. O que vai garantir o sucesso da missão não será a abundância de poder econômico, nem na força mediática, mega shows, aparência estética, muitas rendas, fumaça, espetáculos etc. Não podemos achar que a força da evangelização está na ‘teologia do pano, na liturgia da fumaça e na pastoral do espetáculo’. Alguém já dizia: Quanto mais pobre o circo, mais enfeita-se o palhaço”. O próprio modo de viver, na simplicidade, já é suficiente para dar testemunho de Jesus Cristo: “Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho”. Um mundo melhor possível, sempre será fruto do próprio Deus que toca na interioridade humana. Não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos nossos esforços e recursos possíveis se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa em vão trabalham os operários” (Sl 126). A bíblia nos dá essa conscientização e no Documento de Aparecida (246ss) quando se fala de formação dos discípulos missionários a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas sem Deus construirá contra o próprio homem” (Populorum Progressio, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas.

Hoje, também, Jesus nos envia em missão, dois a dois, para viver melhor a caridade, sentir os desafios de viver em comunidade, não somos nós que escolhemos a direção (sandálias), a missão não deve ser um peso, mas um gosto, um prazer: “Eis que venho, com prazer faço a vossa vontade!” Por isso não podemos abandoná-la por qualquer motivo, mesmo quando rejeitados: “Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele”. Dos destinatários da missão se requer a acolhida ao missionário como enviado de Deus e a docilidade à Palavra divina por ele proclamada, caso contrário fecha-se para si mesmo o caminho da salvação.

Por fim é preciso estar atentos para não interpretar mal a frase de Jesus sobre ir sacudindo também o pó dos pés quando não são recebidos. Este, na intenção de Cristo, devia ser um testemunho para eles, não contra eles. Devia servir para fazê-los entender que os missionários não haviam ido por interesse, para tirar-lhes dinheiro ou outras coisas; que, mais ainda, não queriam levar nem sequer seu pó. Haviam ido por sua salvação e, rejeitando-a, eles privavam a si mesmos do maior bem do mundo.

Para concluir esta reflexão, coloco algumas características da missão de Jesus e de seus discípulos: Eles partiram… pregavam a conversão, expulsavam demônios e curavam doentes”.

1º) Mudança radical – conversão;

2º) Desalienar as pessoas – libertar dos demônios;

3º) Restaurar a vida – curar as pessoas;

4º) Estar consciente que a missão vai provocar choque com os que não querem transformação da realidade.

 

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 

 

Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR