O primeiro dia da greve dos funcionários do transporte público urbano e metropolitano de Maringá começou com alguns impasses relativos à quantidade de motoristas e cobradores necessários para compor a ordem estabelecida pela desembargadora Ilse Marcelina Bernardi Lora, que em sua decisão na audiência entre empresas e sindicato, estabeleceu que o movimento grevista é legal, mas que deve ser assegurada a presença de pelo menos 70% dos funcionários em atividade para garantir a oferta de transporte à população.
O FATO MARINGÁ chegou ao terminal urbano por volta das 11,30h e recebemos a informação que pela manhã, pelo menos 50% da frota e mais de 70% dos funcionários garantiram a circulação, mas o que vimos no final da manhã e documentamos através de uma transmissão AO VIVO foi exatamente o contrário.
Dezenas de usuários aguardavam sentados nos bancos diante de muitos ônibus estacionados em frente suas respectivas paradas. Alguns motoristas e cobradores que conversavam na entrada da avenida Duque de Caxias no disseram que estava tudo parado, mas que não sabiam dizer porque. Outros nos disseram de ir até a entrada do terminal na avenida Herval onde haviam representantes do sindicato da categoria. Atravessamos o terminal enquanto transmitiamos ao vivo e ouvimos vários usuários que já começavam a buscar outros meios de transporte para chegarem aos seus destinos, entre eles, havia pelo menos dez pessoas que deviam pegar o ônibus para o distrito de Floriano, alguns não sabiam como proceder já que não há alternativas de transporte público para a localidade além do transporte urbano municipal.
Na entrada da Herval encontramos um grande número de trabalhadores do transporte parados e foi ali que conversamos com o sindicalista Emerson Viana Silva do Sinttromar sobre as motivações da greve e perguntamos a ele porque estava tudo parado no terminal já que havia uma determinação da justiça que estabelecia que pelo menos 70% dos funcionários deveriam se manter na ativa. Emerson disse que os ônibus estavam circulando por fora do terminal e que o sindicato estava disposto a reabrir a negociação com as empresas mas que precisam receber a reposição salarial que foi negada na data base da categoria. Emerson afirma que o impasse já dura 5 meses.
Walter Cirino, gestor de RH da TCCC conversou com a equipe de O FATO MARINGÁ e disse que a empresa está garantindo a presença da frota mas que o sindicato estaria impedindo os motoristas de saírem com os ônibus do terminal.
As entrevistas podem ser vistas nos vídeos abaixo. Registramos também um momento de tensão e de discussão entre representantes das empresas e do sindicato. Apesar do debate acirrado, logo os ânimos se acalmaram mas o terminal prosseguiu totalmente parado, pelo menos até ao meio-dia, momento em que deixamos o terminal
Veja as entrevistas com usuários, motoristas, sindicalistas e representantes das empresas no video abaixo
Veja as imagens dos ônibus parados interrompendo a circulação dentro do terminal urbano Said Ferreira
*atualização – SINDICATO PUBLICA RELEASE SOBRE O PRIMEIRO DIA DE GREVE
O Sindicato da categoria, Sinttromar, publicou um release através de sua assessoria de imprensa dizendo que, “Primeiro dia da greve garante 70% do transporte coletivo”. Segundo o sindicato, “o movimento paredista paralisou várias linhas, sem exceder os limites impostos pela Lei de Greve (Lei 7.783/1989) e decisão liminar da Justiça”.
Sobre a posição do sindicato, o release cita uma declaração que também foi registrada por O FATO na entrevista com o sindicalista Emerson Viana . “O Sinttromar está garantindo mais que os 70% determinados pela Justiça, baseado em estimativas da própria entidade. O sindicato notificou as empresas para que apresentassem planilhas com os números exatos de frota e trabalhadores na ativa, no entanto, a solicitação foi negada”.
Sobre a questão levantada na matéria de O FATO – sobre o impasse da quantidade necessária de motoristas e cobradores representaria para preencher os 70% estabelecidos pela justiça como quota de garantia de funcionamento do serviço público de transporte, o sindicato contestou os números apresentados pelas empresas. Segundo o sindicato, as empresas declaram que antes do início da greve “havia 450 motoristas na ativa”. Para Viana, a planilha não corresponde à realidade: “Eram 135 carros rodando ontem [véspera da greve], o que dá aproximadamente 175 motoristas no exercício da função”, diz o sindicalista. Os números apresentados na panilha da Cidade Verde, empresa que faz o transporte metropolitano, também foram contestados. A empresa declara que tinha 154 motoristas em ativa antes do início da greve, para o sindicato eram 104. O presidente do sindicato Ronaldo José da Silva, quer que as empresas apresentem as escala com números exatos de trabalhadores. “Não temos como atender o percentual de 70% se não sabemos exatamente qual é o número real de trabalhadores na ativa”, explicou.
O sindicato informa ainda que:
* ainda não há previsão para o fim da greve
* é falsa a notícia do uso de miguelitos para furar pneus de ônibus
* “que o diálogo está aberto por parte do sindicato”
* que o sindicato reivindica a renovação do acordo coletivo de trabalho (ACT) com reajuste salarial e com a manutenção do vale-alimentação e da cesta básica; além do pagamento da participação nos lucros e resultados (PLR), que pode ser parcelada.