O presidente chinês, Xi Jinping, inicia esta segunda-feira uma visita de três dias à Rússia, na sua primeira deslocação ao estrangeiro desde que foi reeleito para um histórico terceiro mandato.
Xi vai encontrar-se com um dos seus principais aliados, Vladimir Putin, para discutir, entre outras coisas, as tensões com o ocidente, especialmente com os Estados Unidos, e o conflito na Ucrânia, no qual Pequim parece disposto a interceder, uma vez que também tem mantido tradicionalmente boas relações com Kiev.
O líder chinês chega a Moscou no dia seguinte à primeira visita de Putin à Ucrânia – especificamente ao porto de Mariupol, na região de Donetsk – desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Na terça-feira, no Kremlin, os dois líderes vão discutir questões da agenda bilateral e internacional e assinar uma série de acordos importantes, numa reunião aberta, após a qual realizam uma conferência de imprensa conjunta.
Mediar o conflito da Ucrânia
No entanto, segundo o Kremlin, o que realmente interessa a Moscou é o almoço informal que Putin e Xi realizam já esta segunda-feira, onde poderão falar “cara a cara” sobre tudo o que quiserem, sem qualquer pressão mediática.
Segundo o conselheiro do Kremlin para as questões internacionais, Yuri Ushakov, serão discutidas neste encontro “as questões mais importantes e sensíveis”. Ushakov observou que Moscovo aprecia a posição moderada de Pequim sobre a campanha militar da Rússia na Ucrânia.
Após a visita de três dias à Rússia, Xi deverá ter conversações, por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, naquela que seria a primeira conversa entre os dois desde o início da guerra. Os analistas dizem, no entanto, que a probabilidade de um grande avanço sobre a Ucrânia é pequena.
A iniciativa de paz que a China apresentou há algumas semanas não satisfez nem Kiev, nem Moscou, nem o ocidente, mas colocou Xi no papel de mediador, papel que ele também desempenhou com sucesso entre dois países aparentemente irreconciliáveis, como a Arábia Saudita e o Irão.
Relações estratégicas
Nas conversações entre Pequim e Moscovo participam também os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa russo e chinês para abordarem a cooperação militar e as relações políticas e económicas, que ambos os países consideram estratégicas.
Na véspera da visita, o presidente russo, Vladimir Putin, publicou um artigo no Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) distribuído pelo Kremlin, onde diz que a qualidade dos laços entre Moscovo e Pequim é “superior à dos sindicatos políticos e militares da era da Guerra Fria” e aponta a relação com a China como a “a pedra angular da estabilidade regional e global”. O chefe do Kremlin escreve ainda que as relações com a China “estimulam o crescimento económico e servem como garante de uma agenda positiva nos assuntos internacionais”.
Putin agradece a “atitude equilibrada” da China sobre a “crise ucraniana” e garante que quer resolvê-la por meios políticos e diplomáticos.
O encontro entre os líderes russos e chineses acontece após a emissão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de um mandado de captura contra VladimirPutin, pela deportação ilegal de menores do território ocupado pelas tropas russas na Ucrânia, o que o tribunal considera um crime de guerra.
O Kremlin já reagiu, argumentando que o mandado é “legalmente nulo e sem efeito”, uma vez que a Rússia não reconhece a jurisdição do TPI. EURO NEWS