A pandemia de covid-19, quando chegou, foi igual para todos mas praticamente dois anos volvidos as diferenças saltam à vista. Os ricos ficaram muito mais ricos, os pobres já não podiam ficar mais pobres mas são agora muitos mais, com mais de 160 milhões de pessoas a passarem para baixo do limiar de pobreza.
Um relatório da Oxfam revelou que 99% da população viu os rendimentos baixar e que os baixos rendimentos contribuíram para a morte de 21 mil pessoas por dia.
Gabriela Bucher, diretora executiva da Oxfam International, sublinha que “esta situação não pode continuar. Vimos durante este ano bilionários a divertir-se em viagens ao espaço enquanto a maior parte da população sofria com a pandemia. Como inverter a situação? Com impostos para as fortunas dos mais ricos, que nos dariam recursos para resolver os problemas que impedem muitas pessoas de lidar com a pandemia, como cuidados de saúde e o acesso a serviços básicos.”
No sentido inverso, as dez pessoas mais ricas do planeta viram a fortuna duplicar sendo que o grande ganhador foi Elon Musk, agora dez vezes mais rico do que no início da pandemia. O fundador da Tesla tem a fortuna avaliada em 294 mil milhões de dólares.
Juntando as fortunas dos dez maiores bilionários, seriam necessários 414 anos para ficar sem dinheiro se gastássemos um milhão de dólares por dia…
POBREZA EXTREMA
Se nada for feito, o ano vai terminar com uma média de 12 mil mortes por dia por fome associada à Covid-19. A estimativa é da Oxfam. A organização não governamental britânica diz que a pandemia está a agravar as situações de pobreza extrema e criar novos focos de miséria.
O continente que mais preocupação oferece é África, mas há situações urgentes para acudir também na Venezuela, no Haiti e no Afeganistão. À beira do risco extremo estão países como o Brasil, África do Sul e Índia.
Nas contas da Oxfam, a confirmar-se a tendência, a fome associada à pandemia vai matar mais gente do que a doença. Contas que se apoiam no Programa Mundial de Alimentação. Diz esta agência das Nações Unidas que o número de pessoas em fome severa pode cheguar este ano aos 270 milhões – mais 82% do que no ano passado.
De acordo com o relatório da organização britânica, os efeitos da crise no mercado petrolífero e das restrições à circulação vão continuar a fazer-se sentir nos próximos meses.
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