Se os livros tem lá os seus best-sellers, os folhetos de cordel também têm. E vamos falar agora do principal deles: “O romance do Pavão Misterioso”, que entre outras coisas, conta a história de um pavão que não era pavão. A obra teve tamanha importância que foi tema musical da novela Saramandaia (Rede Globo, 1976), depois virou disco, peça teatral e foi parar nas telas do cinema, como filme de aventura.
O ano de 2023 marca o centenário de criação deste folheto, considerado um clássico do cordel brasileiro, cujo autor, o paraibano José Camelo de Melo Resende (1885-1964), talvez sequer imaginasse, naquela época, a dimensão que sua obra alcançaria, ao longo do tempo.
Esta contagem dos cem anos partiu da conclusão de especialistas, pois não se sabe calcular com precisão quando a obra saiu das antigas pranchas de xilogravura e chegou às mãos dos leitores. Estudiosos afirmam que a primeira edição surgiu no ano de 1923, falando de um estranho objeto que previa o voo supersônico e o piloto automático, mas não se tratava de um avião ou algo do gênero: a máquina tinha a aparência de um pavão, que voava tanto na horizontal quanto na vertical, era silencioso e a um simples toque, ele se descaracterizava. Este excêntrico pavão foi utilizado pelo personagem Evangelista para raptar sua amada Creusa, vindo daí o toque romântico da obra.
Devido a sua extravagante temática, o folheto de José Camelo foi considerado um dos primeiros do gênero no Brasil a explorar a ficção científica.
A lei nº 10.690 de 30/04/2016, reconhece o cordel do Pavão Misterioso como Patrimônio Imaterial do Estado da Paraíba.
Em Maringá, para comemorar os 100 anos do Pavão Misterioso, estamos preparando uma “Oficina do Pavãozinho”, a ser realizada na Biblioteca da Academia de Letras, onde as crianças, além de conhecerem a obra, poderão criar seus próprios pavõezinhos, realizando atividades de pintura, recorte e colagem. Além disso, abordaremos o assunto na Academia de Letras, levando aos acadêmicos e visitantes informações sobre as comemorações deste importante centenário, principalmente em Guarabira-PB, cidade natal do autor.