Por esta altura, milhões de pessoas em todo o mundo recordam os seus entes querido falecidos. Em cada país, isto é feito com tradições diferentes que vão desde o luto europeu e as visitas a cemitérios, até aos coloridos altares mexicanos.
O Dia dos Mortos é uma das festas mais marcantes do mundo, pela forma como trata a morte como parte da vida. Esta tradição nasceu da fusão da cultura hispânica e pré-colombiana após a chegada dos espanhóis ao continente americano. A forma como os povos indígenas interpretavam a morte fundiu-se com a fé católica, trazida pela Coroa espanhola, dando origem a uma herança que é fruto da geminação e da miscigenação.
Como são os altares mexicanos dos mortos?
Os altares dos mortos, que incluem elementos católicos como cruzes e rosários, são montados em torno de fotografias de entes queridos falecidos, juntamente com iconografia pré-hispânica como catrinas, as tradicionais caveiras adornadas com flores, alebrijes (esculturas de arte folclórica mexicana) e crânios. O melhor exemplo destes altares na Europa encontra-se na Casa do México em Madrid.
O que começou por ser uma iniciativa do pessoal desta instituição, que promove a união entre ambas as culturas, transformou-se num evento multitudinário, que atrai cerca de 100.000 pessoas todos os anos,** de tal forma que há já algum tempo que confiam o meticuloso trabalho de o desenhar a uma figura de proa da indústria cultural mexicana.
Se viu o filme “Coco” (Pixar, 2017), conhece algumas flores que aparecem ao longo da história. São precisamente as rosas-de-oiro, que, como um caminho de migalhas de pão, guiam o falecido. Embora não seja uma flor que se encontre facilmente em Espanha, adorna os campos mexicanos, onde cresce facilmente, com a sua cor laranja marcante e característica.
De acordo com as crenças pré-colombianas, quando morriam, as pessoas tinham de percorrer um longo caminho até ao submundo, ultrapassando todo o tipo de obstáculos, guiadas pelas flores e pelo seu Pelado-mexicano, ou “xolos”, um cão sem pelo, originário do país asteca, bem como a mascote da Cidade do México, devido às suas raízes históricas, uma vez que era a mascote habitual dos astecas.
Como era a morte para os Aztecas?
Quando alguém morria, sacrificavam os seus “xolos” e enterravam-no ao lado do seu dono, para o guiar no seu caminho. Atualmente, quando as famílias colocam imagens dos seus entes queridos, é comum ver imagens dos seus animais de estimação no altar.
E essa longa viagem terminou no centro da terra, onde a vida volta a nascer e tudo começa de novo. Tudo isto está resumido no papel picado por detrás do altar da Casa do México, cobrindo uma enorme parede que é agora um símile da vida e da morte segundo a cultura espanhola e mexicana, dois países irmãos que apertam as mãos neste centro cultural onde, como nos diz o seu diretor de comunicação, Rubén Piza, o objetivo é “fortalecer os laços” entre os dois países que não só partilham uma língua, mas também importantes laços culturais. euro news