Na Liturgia deste IV Domingo da Páscoa, veremos, na 1a Leitura(At 13, 14.43-52), a reação dos judeus frente à pregação de Paulo e Barnabé, por ocasião da conversão dos pagãos. Os Judeus pensavam ter o monopólio de Deus e da verdade, sentiam-se pessoas ‘religiosas’ e ‘de bem’, mas ficaram indiferentes às propostas cristãs. Os pagãos, ao contrário, responderam com alegria e entusiasmo, dispostos a seguir atentos à voz do Bom Pastor.
Os Judeus, por ciúmes, ridicularizam e põem em descrédito a mensagem dos apóstolos, reagem com violência, usam pessoas da elite econômica e influentes para tal fato. Por estarem fechados e reagirem assim, o projeto de Deus não penetra em quem põe obstáculos. Neste sentido, vemos que o anúncio da Palavra mexe com o sistema vigente e, por isso, os apóstolos não são aplaudidos, mas sofrem tribulação, são expulsos do local. Como única alternativa: rompem com tal tipo de gente: “Os apóstolos sacudiram contra eles a poeira dos pés e foram para outra cidade”. Será que os judeus se salvaram? Será que um dia alguém conseguiu falar-lhes ao coração?
A 2ª Leitura (Ap 7, 9.14b-17) mostra que os cristãos que permanecem fiéis na história, apesar dos desafios e perseguições, um dia, serão vitoriosos: “Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”.
No Evangelho (Jo 10, 27-30), Jesus se apresenta como o ‘Bom Pastor’, capaz de deixar as 99 ovelhas sadias para buscar a que se perdeu, que se machucou, encontrando-a; então, Ele a cura, carrega ao colo, salva.
Hoje, Jesus está presente em nossos líderes e autoridades quando exercem seus cargos em espírito de serviço e doação. O verdadeiro líder, pastor, também enfrenta o ‘lobo’, toma posicionamentos quando a dignidade das pessoas e o bem comum correm perigo. As ovelhas dependem da habilidade do pastor para se manterem vivas e seguras. Todos somos chamados a viver a espiritualidade do bom pastor, todos somos ‘pastores’ na família, na religião, na política etc, mas também todos somos ovelhas de Jesus.
“O homem de hoje rejeita com desdém o papel de ovelha e a ideia de rebanho, mas não nota que está completamente dentro. Um dos fenômenos mais evidentes de nossa sociedade é a massificação. Deixamo-nos guiar de maneira indiferente por todo tipo de manipulação e de persuasão oculta. Outros criam modelos de bem-estar e de comportamento, ideais e objetivos de progresso, e nós os seguimos; vamos detrás, temerosos de perder o passo, condicionados e sequestrados pela publicidade. Comemos o que nos dizem, vestimos como nos ensinam, falamos como ouvimos falar, por slogan. O critério pelo que a maioria se deixa guiar nas próprias opções é o que o capitalismo dita ou então todos fazem assim” (Pe. Raniero Cantalamessa).
Cada um de nós é chamado a ser livre e fazer a diferença no universo. O Bom Pastor, que é Cristo, propõe-nos fazer com Ele uma experiência de libertação. Pertencer a seu rebanho não é cair na massificação, mas ser preservado dela. “Onde está o Espírito do Senhor, ali está a liberdade” (2 Cor 3,17).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças – Sarandi – PR