Farmanguinhos reafirma o seu protagonismo no combate à tuberculose com atuação na pesquisa, no desenvolvimento de novos medicamentos e com o fornecimento de mais de 33 milhões de unidades farmacêuticas no ano de 2021 dos principais medicamentos utilizados para a doença. Atualmente, o Instituto fornece o tratamento utilizado na fase intensiva da tuberculose e para pacientes em fase de manutenção atendidos pelo Sistema único de Saúde.
Somente no ano de 2021, Farmanguinhos produziu 7.101.500 unidades da Isoniazida 100mg e 2.233.500 da Isoniazida de 300mg, um dos principais medicamentos utilizados para todos os tipos da tuberculose. Também foram entregues 11.654.500 da isoniazida 150mg + rifampicina 300mg.
Além disso, a Unidade da Fiocruz entregou 12.309.120 unidades do 4 em 1, composto de dose fixa combinada de quatro medicamentos (rifampicina 150mg + etambutol 275mg isoniazida 75mg + pirazinamida 400mg), o qual o registro do medicamento no Brasil é de Farmanguinhos, sendo o único produto aprovado pela Anvisa que unifica quatro insumos diferentes. O 4 em 1 é fruto de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a indiana Lupin, que está na fase III da transferência de tecnologia, com a produção dos lotes testes ocorrendo internamente no laboratório público. Atualmente, o Instituto já realiza o Controle de Qualidade de todos os lotes fabricados na Lupin e fornecidos ao Ministério da Saúde (MS). A previsão de conclusão da PDP é final de 2023, quando Farmanguinhos passará a realizar todas as fases internamente. Para 2022, a demanda é de cerca de 19 milhões de unidades farmacêuticas.
Outro importante medicamento para a tuberculose, de dose fixa combinada da isoniazida 150mg + rifampicina 300mg, foi desenvolvido internamente e teve o registro aprovado pela Anvisa, em fevereiro de 2021, sendo considerado o medicamento de referência nacional. O Instituto já está produzindo para o MS e em 2021 entregou 11.654.500 unidades deste medicamento. Para 2022, já foram solicitadas 3.000.000 de unidades da isoniazida 100mg, 1.105.000 de isoniazida 300mg e 23.250.000 de unidades farmacêuticas da isoniazida + rifampicina 300mg. O MS solicitou 200.000 unidades de etionamida, também pertencente ao portfólio de Farmanguinhos.
Com o intuito de facilitar a utilização do medicamento e adaptar aos pacientes com pesos variados, a Unidade está desenvolvendo a dose fixa combinada de 75mg + 150mg, com previsão de pedido de registro à Anvisa no final de 2022 ou início de 2023.
Em abril de 2021, Farmanguinhos iniciou dois projetos de desenvolvimento para a rifapentina 150mg e a dose combinada da rifapentina + isoniazida. Atualmente, não existe registro da rifapentina na Anvisa, então o Instituto terá o único registro no país quando alcançar o seu objetivo. O cronograma dos projetos está em elaboração, devido às dificuldades para prospecção internacional e a aquisição do insumo farmacêutico ativo (IFA), considerado ainda um IFA novo no mercado mundial, com baixa disponibilidade.
O diretor Jorge Mendonça ressalta os estudos realizados para pesquisar e desenvolver novos medicamentos para a enfermidade, que sejam fabricados no Brasil. “A tuberculose é uma doença negligenciada e Farmanguinhos atua diretamente em todos os tipos de tratamentos oferecidos no SUS. Temos linhas de pesquisa para novos fármacos e atuamos na busca contínua do desenvolvimento de produtos inovadores e que atendam às necessidades da população brasileira, adulta e pediátrica”, falou o diretor.
Com a intenção de atender aos tratamentos pediátricos, em janeiro de 2021, Farmanguinhos iniciou um projeto com o objetivo de desenvolver estratégias de estudos clínicos que possam ser discutidas com a Anvisa, a fim de viabilizar o registro de medicamentos pediátricos no país. Esta ação possui grande relevância para encontrar uma estratégia regulatória para um projeto de desenvolvimento da associação de isoniazida + rifampicina pediátrica orodispersível, forma farmacêutica dissolve na boca, e para outros medicamentos pediátricos importantes.
Pesquisas inovadoras
Os pesquisadores do Instituto possuem alguns projetos para oferecer tratamentos inovadores ao SUS, objetivando novas estratégias e alternativas no combate à tuberculose. O laboratório de Síntese desenvolve uma série de pesquisas com derivados da isoniazida, visando resultados mais promissores e menos agressivos ao organismo. Este projeto envolve os pesquisadores Nubia Boechat e Frederico Castelo Branco e é gerenciado pelo Escritório de Projetos de Farmanguinhos. “Em ensaios in vitro, esses derivados se mostraram ser duas vezes mais potentes que a própria isoniazida e mais potentes também do que todos os demais fármacos de primeira escolha do tratamento da TB. Além disso, a nossa melhor substância mostrou potencial de toxicidade ao fígado ao menos duas vezes menor do que o da isoniazida. Nos testes em animais, esse derivado mostrou eficácia comparável à da isoniazida, menos na metade da dose”, explicou o pesquisador Frederico. Segundo o pesquisador, essas substâncias foram fruto de patente nos EUA, Índia, China, Brasil e Europa. Os pedidos de patente americano, indiano e chinês já foram concedidos.
Outro projeto do laboratório de Síntese de Fármacos de Farmanguinhos, em parceria com o SENAI/ CETIQT, é para otimização da síntese da isoniazida com reatores de microfuídica. O objetivo foi melhorar a eficiência do processo de produção da isoniazida. Com o método desenvolvido, o tempo reacional para obtenção deste fármaco foi reduzido em 250 vezes, e o rendimento global aumentado em 45%. Como reconhecimento ao trabalho desenvolvido, Farmanguinhos foi agraciada, em 2021, com o importante “Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia” na categoria empresa, oferecido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Em Farmanguinhos, este projeto foi coordenado pela pesquisadora e vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação, Nubia Boechat, e teve execução dos pesquisadores Frederico Silva Castelo Branco e Carolina Catta-Preta, com consultoria do Engenheiro Walter Trajano.
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O laboratório de Síntese de Substâncias de Combate a Doenças Tropicais (SSCDT) tem estudado o reposicionamento do antimalárico mefloquina. Segundo Marcus Nora, líder do SSCDT, o reposicionamento de fármacos é uma estratégia muito utilizada atualmente pelas indústrias farmacêuticas, e consiste no emprego de medicamentos já disponíveis no mercado para o tratamento de novas doenças. Neste estudo, foi identificado que a mefloquina quando associada com os tuberculostáticos já utilizados no tratamento, é capaz de apresentar um potente sinergismo combatendo os mais diversos tipos de bactérias multirresistentes permitindo, assim, o desenvolvimento de um novo esquema terapêutico. Esse trabalho foi patenteado no Brasil e no exterior e tem como inventores os pesquisadores Marcus Vinicius Nora, do SSCDT de Farmanguinhos, Maria Cristina da Silva Lourenço (INI) e Raoni Schroeder Borges Gonçalves (UFRJ). Esse projeto recentemente foi selecionado para integrar o Portfólio Integrado de Inovação da Fiocruz para subsidiar o processo de oferta tecnológica da Instituição.
Fiocruz