A economia europeia deverá continuar a crescer em 2022 e 2023 e o emprego recuperou mais depressa na Europa do que nos Estados Unidos.
“As economias europeias desenvolvem-se bastante bem em comparação com os outros países. Tem sido muito interessante observar a forma como os países protegeram a população na Europa. Os governos pagaram às empresas para manter os empregos das pessoas. O que permite, no momento da retoma da economia, recomeçar imediatamente a trabalhar. Nos EUA, é bastante diferente. Os governos enviaram cheques às famílias, elas receberam o dinheiro, mas já não têm emprego. O que observamos agora é que o emprego regressou quase aos níveis anteriores na Europa, contrariarmente aos Estados Unidos”, disse à euronews Laurence Boone, economista chefe da OCDE.
As três grandes ameaças à recuperação
A economia europeia deverá crescer mais rapidamente do que se esperava. O crescimento do PIB deverá chegar aos 5% até ao final de 2021, na União Europeia e na zona euro, um pouco acima do previsto. A partir de 2022, prevê-se um crescimento de 4,3% e, em 2023, um aumento do PIB de 2,5% na União Europeia e de 2,4% na zona euro.
Mas há três grandes ameaças à recuperação: o enorme aumento dos casos de Covid-19 na Europa, o aumento dos custos da energia e as perturbações na cadeia de abastecimento.
O aumento do número de casos de Covid-19 afetou os mercados. As novas restrições poderão ter impacto na actividade económica. As dificuldades e rupturas na cadeia de abastecimento são o maior risco para as empresas.
A economia da União Europeia e da Zona Euro deverão alcançar uma taxa de crescimento de 5% em 2021 e de 4,3% em 2022. Em 2020, o PIB diminuiu -6,4% na Zona Euro e -5,9% na UE.
O caso de Itália
A previsão de crescimento para Itália é de 6,2%, mas, os problemas da cadeia de abastecimento são um risco para a recuperação da economia italiana. A euronews visitou uma empresa da Lombardia que produz bicicletas eléctricas e que é afetada pelas perturbações na cadeia global de abastecimento.
Desde a pandemia, a procura de bicicletas aumentou 60%, mas a empresa italiana Atala não consegue tirar partido da situação devido aos atrasos na entrega de várias peças e materiais.
“Em média, aumentámos a produção em 36% em 2020. Em 2021, o crescimento deverá rondar os 10 ou 15%. Poderia ser mais elevado, mas a falta de componentes reduz o nosso potencial de expansão”, disse à euronews Massimo Panzeri, presidente da Atala.
Relocalizar a produção: o desafio das matérias-primas
A empresa italiana espera tirar partido da relocalização de parte das actividades que estavam na Turquia. Uma decisão estratégica que não vai resolver todos os problemas ao nível da cadeia de abastecimento, como reconheceu o presidente da empresa.
“Se relocalizarmos a soldagem ou a pintura mas nos faltarem as varetas de alumínio, as fibra de carbono, materiais para as células das baterias, ou aço que não é produzido na Europa, estaremos apenas a transferir o problema para outro país. É preciso uma visão política a nível europeu. A mudança não pode cingir-se a uma parte da cadeia, tem de começar pelo início, pela matéria-prima”, sublinhou Massimo Panzeri.
O receio do aumento da inflação
Face às dificuldades de abastecimento há receios de um aumento da inflação, em particular em Itália, o país que mais investe na União Europeia atualmente. Roma prevê investir 235 mil milhões de euros em 5 anos, o que inclui 191,5 mil milhões do fundo de recuperação europeu. A Itália recebeu a primeira fatia de 25 mil milhões em Agosto.
Com a retoma rápida da economia, as perturbações no abastecimento e o aumento do preço da energia levaram à subida da inflação. Na zona euro, em 2020, a inflação foi de -0,3%. No terceiro trimestre de 2021 subiu para 2,8%. Deverá atingir 2,4% em 2022 na zona euro e 2,6% na União Europeia.
O desafio é reter os jovens
Em Turim, a Argotec produz microssatélites espaciais. A Agência Espacial Norte Americana (NASA) é um dos clientes da empresa italiana. Para responder ao aumento da procura no setor espacial, a empresa quer duplicar o número de trabalhadores. Um dos desafios é atrair os jovens italianos.
“A economia, em particular a economia italiana, como se vê nas estatísticas e nas projecções, está a sofrer uma espécie de renascimento. O mais importante é pensar no futuro isso significa investir. O que queremos fazer, com o governo, é desenvolver a capacidade de trazer de volta os jovens que, por várias razões, deixam o país para fazer investigação e desenvolvimento no estrangeiro”, afirmou David Avino, presidente da Argotec.