ASSÉDIO E CÁRCERE PRIVADO: Vigilância Sanitária interdita comunidade terapêutica em Mandaguari

foto - ASC PMMANDAGUARI

A Prefeitura de Mandaguari, por meio da Vigilância Sanitária, interditou uma comunidade terapêutica no município, localizada à beira da rodovia PR-444, na manhã desta sexta (8). O auto de infração cita uma série de
irregularidades, como assédio, cárcere privado de muitos internos, ausência do controle de qualidade da água, falta de controle sobre a medicação aplicada e a não-realização de exames no momento da admissão dos internos. Um dos responsáveis pela comunidade terapêutica estava no local e acompanhou a interdição.

A ação, que contou com agentes da Polícia Militar (PMPR), ocorre nove dias após a fiscalização da Administração Municipal constatar diversas irregularidades no local, como relatos de maus-tratos, presença de um interno menor de idade, ausência de responsável técnico, entre outras irregularidades sanitárias.

Ao todo a comunidade terapêutica contava, nesta manhã, com 21 internos. Todos receberam acompanhamento psicológico e contaram com serviços desempenhados pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Oito dos
internos foram acompanhados por eq uipes da fiscalização e pela PMPR até a rodoviária, onde adquiriram passagens para suas cidades de origem:

Maringá (4 internos), Paranavaí (2), Marialva (1) e Assis Chateaubriand (1). Os demais foram buscados na comunidade terapêutica por familiares.

Desde fevereiro deste ano no mesmo local, a comunidade terapêutica oferecia tratamento, mediante pagamento, a dependentes de álcool e de drogas. O chefe da Vigilância Sanitária, Adriano Borges, afirma que, conforme relatos, alguns internos eram mantidos no local contra a própria vontade:

“Aqui, (a internação) devia ser uma questão voluntária: o interno devia poder entrar e sair no momento em que desejasse, e não era o que acontecia. Os internos, segundo as denúncias, eram mantidos em cárcere privado. E tem a questão do assédio, questão alimentar e a qualidade da água, entre outras questões sanitárias, também irregulares.”

Após a interdição da comunidade terapêutica, a Administração Municipal vai abrir um processo administrativo e a Polícia Civil deve instaurar inquérito para investigar as denúncias. “Dificilmente será autorizado esse mesmo CNPJ a funcionar futuramente no local, porque as irregularidades, denúncias de abuso, assédio, violência e maus-tratos na instituição, são graves”, diz Borges.