Chegou mais ajuda humanitária à Faixa de Gaza mas Israel deixa aviso

Segundo comboio de ajuda humanitária entrou na Faixa de Gaza, mas processo terá sido abalado por uma explosão no lado egípcio

foto - euronews

Um segundo comboio de camiões com ajuda humanitária iniciou este domingo a travessia da fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza.

Depois dos 20 camiões de sábado, este domingo foram 14 a atravessar a fronteira para Rafah e a ser inspecionados pela agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), confirmou Juliette Touma, a diretora de comunicação da UNRWA desde Amã, num telefonema com a Reuters.

Já à noite, Israel confirmou a entrada do segundo comboio de ajuda humanitária sem precisar o número de camiões que chegaram a Rafah.

“A pedido da administração americana e de acordo com as instruções da liderança política, a ajuda humanitária das Nações Unidas, contendo apenas água, alimentos e equipamento médico, foi hoje [domingo] trazida para o sul da Faixa de Gaza, através da passagem de Rafah, no Egito”, afirmou o Coordenador das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), num comunicado citado pelo Times of Israel.

Todo o equipamento foi controlado pelos agentes de segurança israelitas antes de entrar em Gaza. – COGAT
Comunicado

Uma fonte das IDF, citada pela mesma fonte, assegurou ainda que Israel vai continuar a permitir a entrada de alimentos, água e produtos médicos, mas não combustível. A ajuda tem por destino exclusivo os civis que estejam no sul da Faixa de Gaza e não pode chegar ao “grupo terrorista do Hamas”.

“Qualquer outra tentativa de abastecimento que não seja coordenada e aprovada por Israel será travada”, avisou a mesma fonte anónima.

Em entrevista à cadeia norte-americana NBC, o enviado especial da Casa Branca para as questões humanitárias no Médio Oriente disse que havia “mais 15 camiões a caminho” este domingo.

“A nossa expetativa e a substância das nossas discussões com todos os lados é que a partir de amanhã [segunda-feira] possamos começar a ver um fluxo contínuo de assistência em movimento”, acrescentou David Satterfield.

No sábado, após a chegada do primeiro comboio de ajuda humanitária a Rafah, um responsável do Ministério da Saúde de Gaza lamentava que o que tinha chegado era “algo muito, muito simples e pequeno”.

Mahmoud Hamad falou apenas de “um ou dois camiões com material médico específico”, o qual teria ainda de ser catalogado em termos de “tipo e qualidade”.

“Estamos a coordenar-nos com a agência das Nações Unidas, que vai fazer a distribuição pelas unidades de saúde que deles necessitem para casos urgentes”, explicou.

Pouco depois dos camiões terem cruzado o portão egípcio da fronteira com Rafah, este domingo, ouviu-se uma explosão nas proximidades e o som de ambulâncias no lado egípcio.

Alguns militares ficaram feridos sem gravidade.

O incidente terá suspendido de forma temporária a chegada da ajuda humanitária ao lado de Gaza.

Mais tarde, Israel revelou ter atingido por acidente um posto militar egípcio, pediu desculpa e prometeu investigar o ocorrido.

O envio de ajuda humanitária para a Faixa e Gaza começou numa altura em que a Organização Mundial de Saúde e o Programa Alimentar Mundial alertaram para a situação é “catastrófica” na Faixa de Gaza e que as dezenas de camiões previstos chegar a Rafah eram apenas uma gota num vasto oceano.

Cerca de duas centenas de camiões com ajuda humanitária aguardam no Egito para poderem entrar na Faixa de Gaza, por Rafah.

A UNRWA estimou esgotar o combustível até quarta-feira e alertou que, “sem combustível, não vai haver água, não funcionam os hospitais nem as padarias”.

“Sem combustível, não haverá assistência humanitária. A falta de combustível vai estrangular ainda mais as crianças, as mulheres e as pessoas de Gaza”, lê-se numa mensagem da agência nas redes sociais.

Israel insiste na necessidade de inspecionar tudo o que entrar na Faixa de Gaza para evitar o fornecimento de mais armas ou combustível ao Hamas.

Antes da guerra, cerca de uma centena de camiões entrava por dia na Faixa de Gaza. Israel diz que esta era uma forma de o Hamas se abastecer de armas e outros bens essenciais para a sua causa antissemita. euronews