Nove de março de 2013. Essa foi a data do primeiro encontro realizado por um grupo de leitores em Maringá. Na ocasião, um sábado à tarde, cinco pessoas se reuniram no Café Cremoso na Avenida Tamandaré e falaram sobre o interesse por livros. Ali decidiram: se chamariam Bons Casmurros (BC). Foi dessa forma que surgiu um dos principais clubes de leitura do Brasil, que agora chega a dez anos de vida, com 165 debates realizados e a participação de mais de duas mil pessoas durante esse período.
Para celebrar o aniversário, o grupo preparou uma programação especial: uma festa e a vinda de ao menos um escritor premiado no Brasil e fora do país. A primeira parte da celebração ocorre no sábado, dia 11, na Associação dos Magistrados. No local também haverá o debate do livro “O acontecimento”, de Annie Ernaux, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura em 2022. O nome do autor convidado será divulgado em breve.
“Estamos muito felizes com esse momento. Nosso clube de leitura já faz parte do cenário cultural da cidade. É gratificante saber que construímos um projeto que consegue andar de forma independente”, diz a coordenadora do Bons Casmurros desde 2021, Zilene Rezende.
Ao longo desses anos já foram debatidos livros como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis; “O olho mais azul”, de Toni Morrison; “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago; e “Só garotos”, de Patti Smith. O BC também já realizou encontros com escritores: estiveram em Maringá nomes como Luiz Ruffato, Aline Bei e Miguel Sanches Neto. Autores maringaenses, como Luigi Ricciardi, Thays Pretti e Marcos Peres, também já tiveram obras debatidas. Gêneros como quadrinho, romance, conto, poesia e teatro são lidos. A participação é gratuita e atualmente os encontros ocorrem no Atari Bar a cada três semanas. O Grupo Companhia das Letras, maior conglomerado editorial do Brasil, apoia o BC de forma institucional.
Criado e organizado até 2020 pelo jornalista e hoje secretário de Cultura de Maringá, Victor Simião, a iniciativa sempre buscou mobilizar pessoas em torno do livro, para que houvesse troca de impressões de leitura. Nunca foi necessário ser especialista na área. “Eu tinha 18 anos quando da criação do clube. Nosso objetivo era o de aproximar pessoas. Sempre defendemos ler de tudo. Olhando para trás, podemos dizer que alcançamos nosso objetivo”, diz Simião. Ele se afastou das funções após assumir o cargo na Prefeitura de Maringá, mas segue participando como membro.
Como funciona
A cada três semanas, os leitores do Bons Casmurros se reúnem no Atari Bar para discutir uma obra previamente escolhida por meio de votação. No dia do encontro, cada pessoa diz se gostou ou não do livro, justificando essa opinião. Há momento de debates em razão das divergências dos pontos de vista. “É um local estimulante. A gente sempre aprende muito, inclusive quando não gostamos dos livros”, diz a gerente de farmácias Zuleika Peri, que participa desde 2015. Cada encontro reúne em média 22 pessoas – mas já houve debates com 50 leitores.
Pensando na igualdade de gênero, o grupo alterna: em um debate se discute o livro de uma mulher; no outro, o de um homem, e assim sucessivamente.
Mais informações podem ser obtidas por meio da página do BC no Instagram. É só procurar por Clube de Leitura Bons Casmurros. A agenda até junho já está definida. ASC