O famoso “Casarão amarelo” da avenida Paraná, que abrigou durante décadas a delegacia de polícia, foi colocado abaixo neste sábado à tarde. Pessoal da imprensa lamentou a falta de aviso da derrubada, para que se pudesse registrar com imagens um prédio que fez parte da história da cidade e a própria demolição.
Há quem defenda que os escombros não sejam retirados enquanto não se fizer uma varredura no local. Sempre circulou no meio policial que embaixo do piso existia uma espécie de cemitério clandestino, onde teriam sido enterrados corpos de interrogados e acusados de crimes, tidas depois como desaparecidas. O prédio é o mesmo para o qual foi levado o jovem Clodimar Pedrosa Lô, que foi torturado e morto, descobrindo-se depois sua completa inocência.
O Ministério Público e a Comissão de Direitos Humanos da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil devem ser acionados para acabar com a dúvida de que embaixo do prédio eram enterradas pessoas detidas que não resistiam às torturas, ao menos até que o local receba uma nova construção, que será destinada ao Corpo de Bombeiros.
Há muitos anos o prédio era objeto de disputado e, embora estivesse em tereno que pertence ao governo do estado, ex-administrações queriam que o local se tornasse uma espécie de central de monitoramento policial. A ideia foi esquecida nos últimos anos e já não existia mais sequer o muro que o separava do CB. O terreno foi ocupada durante algum tempo também pela 13ª Circunscrição Regional de Trânsito. A primeira delegacia da cidade, feita de madeira, na mesma avenida Paraná, foi derrubada em 2012.
O termo “Casarão amarelo” utilizado pela imprensa policial durante anos era uma referência à então cor do prédio e foi cunhada pelo poeta e jornalista da área Lenin Schmidt, que depois tornou-se assessor da Prefeitura de Maringá.