O 7° dia de isolamento social imposto pelo decreto municipal para enfrentamento à proliferação do Covid-19 em Maringá, começou ensolarado e parecendo muito mais domingo do que quinta-feira.
As 11h partimos da Vila Santa Isabel de Portugal rumo à Câmara Municipal de Maringá. Ligiane transmite “ao vivo” na página facebook de O FATO MARINGÁ. O tema logicamente é o comportamento exemplar da maioria dos maringaenses em relação a observância das regras e dos aparentes reflexos que são suportados pelos dados do boletim publicado, ontem, 25, no final do dia.
Cruzamos a Colombo e prosseguimos pela XIX; nos comentários, Ligiane diz que “o movimento de carros e pessoas é maior do que se espera”, mas sabemos que a via, é porta de entrada para o centro e além de tudo, em dias normais, aqueles sem o Coronavírus, a esta hora a XIX tem um tráfego infernal.
Se somamos as horas que estivemos fora de casa nos últimos cinco dias, podemos até nos candidatar a eremitas; mesmo dependendo de produzir matérias para fidelizar leitores e atrair novos, temos consciência que, como veículo de comunicação, temos uma estrutura frágil e que com a chegada do Covid, se despedaçou de vez já que os poucos clientes que temos, agora não poderão continuar nos apoiando economicamente, já que estão com seus negócios fechados. Eles não se lamentam, sabem que será difícil recuperar as perdas que manter o comércio fechado gerará, mas nenhum deles quer ver seus colaboradores doentes.
Penso a André e a Vivi, que com garra conduzem a Casa di Nonna, restaurante situado no Shopping do bairro onde moramos e que emprega pelo menos oito cozinheiras que são tratadas como membros de uma grande família. O resultado se percebe na deliciosa comida. Penso também no amigo Evandro Amaral da Dinamus Colchões da Mandacaru, que todo dia luta com grande persistência para levar avante um gênero de comércio que já viu grandes marcas baixar as portas na grande avenida da zona norte. Mais do que clientes são amigos que acreditam e que apoiam o gênero de jornalismo sem filtros que estamos tentando empregar. É também por eles que colocamos os pés na rua e arriscamos a pele contra esse terrível inimigo invisível que muitos ainda subestimam.
Entramos na avenida Guaíra, vamos cortar o tráfego. Queremos chegar à Câmara antes do final da sessão ordinária.
Cruzamos a Paraná, entramos na Horácio e o novo terminal urbano parece quase inativo.
Enquanto observamos a falta de movimento, citamos os dados oficiais do boletim de quarta.
BOLETIM DE QUARTA MOSTRAVA REDUÇÃO DE 20% NO NÚMERO DE SUSPEITOS
“Em Maringá, o trend é positivo, temos 5 casos de Covid-19 confirmados, mas como não são casos graves, estão em isolamento domiciliar.
O número de casos suspeitos regrediu magicamente e, em apenas três dias passou de 54 para 51 e, enfim para 39. O boletim diz que 30 deles estão em casa e que só 9 estão hospitalizados. Casos suspeitos são aqueles em que os pacientes tem sintomas que conduzem a um quadro que hipoteticamente pode ser de Coronavírus, mas que se terá certeza somente quando finalmente se saberá o êxito dos exames.
Os dados são entusiasmantes e arrisco dizer que são fruto do isolamento social. A redução de 12 pessoas entre os casos suspeitos é par a 20% em relação a terça-feira, 24.
Chegando ao destino, ainda vimos um pai que pouco crente à potência do vírus, passeia de bicicleta seguidos por seus filhinhos.
A praça da catedral está vazia e o exercício ao ar livre faz bem à saúde, difícil reprová-lo completamente.
Duas entrevistas com nobres edis, uma parada na farmácia da Duque com a Néo que não tem máscaras nem álcool gel, e depois o retorno para casa.
BUZINAÇO
No meio da tarde nos chegam as primeiras imagens do buzinaço que por coerência decidimos não seguir. Centenas de carros concentrados no pátio do Willie Davids produzem um barulho ensurdecedor. Dentro deles estão cidadãos munidos de máscaras que querem a reabertura do comércio e a adoção do isolamento vertical.
A comitiva desfila em carreata pelo centro e depois se dissipa. No início da noite, as 19h, recebemos os dados do novo boletim. Os dados mudam radicalmente. Os casos suspeitos aumentam e muito; 50% em apenas 24 horas. Eram 39 ontem, agora são 59; pior ainda é o quadro dos casos suspeitos que estão internados, que de 9 passou a 31; um aumento clamoroso de 200%. Tem mais: 14 deles estão na UTI.
Mas o que pode ter acontecido para que a curva de evolução da doença se agravasse tão rapidamente na cidade canção ? Teria a prefeitura se “equivocado” no boletim de quarta-feira ou houve realmente uma mudança radical na tendência ?
MELHORIAS NOS PROTOCOLOS COM HOSPITAIS TRAZEM À TONA REALIDADE MAIS GRAVE
Buscamos resposta junto à assessoria de imprensa da prefeitura. São 21h e colegas de outros veículos também questionam dados que os deixaram perplexos.
Além dos aumentos que citamos até aqui, o boletim desta quinta traz outros mais assustadores. 10 dos 31 internados com suspeita de haverem Covid-19, são crianças. Essa é a primeira vez que o boletim mostra informação sobre a presença de crianças entre os possíveis casos de infectados.
A notícia que permanece sem variações diz respeito aos casos positivos, que continuam a ser 5.
Mas o boletim desta quinta negra ainda reserva notícias ruins. Em suas últimas linhas se lê que “a Secretaria Municipal de Saúde aguarda os resultados de 3 exames de pessoas que podem ter morrido vítimas do Coronavírus” mas que nunca foram citadas até agora, nem mesmo entre os casos suspeitos. As resposta não chegam através da assessoria de imprensa, que se limita a dizer que “os números vão crescer e que os protocolos com a rede privada estão sendo refinados”.
Insatisfeitos enviamos nossos questionamentos diretamente no whatsapp do prefeito Ulisses Maia. São 21,33h quando Ulisses responde dizendo que existem explicações. “Estamos monitorando 24h”, diz o prefeito. “Estamos atualizando mais o quadro de evolução”, e isso estaria acontecendo porque “foi montada uma estrutura junto aos hospitais privados”, informa Ulisses.
O prefeito se despede dizendo que não pode explicar naquele momento pois está participando de uma videoconferência mas nos diz para falarmos com o secretário de saúde Jair Biatto. Já são quase 22h, tentamos ligar e depois deixamos uma mensagem no whatsapp do secretário. A resposta não chega e isso é compreensível. Temos informações seguras que a carga de trabalho dele e de todos da Secretaria de Saúde, supera 15 horas diárias.
A sexta-feira, 27, porém deverá fornecer respostas a todos os questionamentos sobre esse abrupto e acentuado aumento de casos em apenas 24h. Logo saberemos se o problema é só de comunicação e se diante dessa nova realidade os ânimos de quem diz quem deixará de observar o decreto e abrirá o comércio nos próximos dias finalmente cederam.
Esperamos todos por respostas precisas, afinal, só estamos no oitavo dia dos 30 programados pelo decreto que fechou quase tudo em Maringá
LEIA O BOLETIM OFICIAL DA PREFEITURA DE MARINGÁ
O boletim sobre Coronavírus da Prefeitura de Maringá desta quinta-feira, 26, apresenta dados mais detalhados sobre a situação do contágio na cidade.
São 59 casos suspeitos no município. Destes, 31 estão internados – 14 em UTI e 17 em enfermarias. Do número total de internados (31), 10 são crianças. Os outros 28 pacientes com suspeita permanecem em isolamento domiciliar.
Os casos confirmados permanecem em 5, todos isolados em suas casas.
A Secretaria de Saúde de Maringá também aguarda o resultado de exames de 3 pessoas que morreram com sintomas de COVID-19.
Estes são os dados oficias da Prefeitura de Maringá para esta quinta-feira, 26