De acordo com o deputado Enio Verri, a comissão representativa irá avaliar e debater se as atuais medidas tomadas pelo governo federal em relação à estiagem – por meio de seus órgãos responsáveis -, são efetivas e se garantem a assistência necessária e imediata à população prejudicada.
“O Brasil enfrenta um contraste climático extremo com enchentes no Sudeste e Nordeste e com a maior crise hídrica em décadas no Centro-Sul do país. Em todas as situações de desastres naturais, quem sofre é o povo. No caso da seca, além da queda na produtividade, desemprego no campo e mais inflação nos preços dos alimentos, temos ainda o risco de apagão elétrico, pois o governo federal havia negligenciado o planejamento energético e subestimado os custos futuros da garantia de energia. Por isto, a criação desta comissão é tão importante”, defende Verri.
A comissão vai trabalhar independente do volume de chuvas previsto para os próximos meses nos estados da região Sul. No requerimento, os deputados petistas ainda ressaltaram que ao criar a comissão temporária, o Congresso Nacional cumprirá – mais uma vez -, seu papel constitucional de fiscalizar as ações do Executivo, mesmo que em caráter urgente, uma vez que não é possível aguardar o início do período legislativo seguinte, em face da gravidade do tema apresentado, que exige pronta ação do Parlamento.
Relatório recente do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, estima prejuízo prévio de R$ 25,6 bilhões para a totalidade da safra de grãos do Paraná em 2021/22. A região Oeste é a mais atingida com redução prevista de 71% na colheita de soja, de 65% na de milho e de 60% na primeira safra de feijão, podendo somar R$ 8,1 bilhões de prejuízo. A queda, porém, abrange todas as regiões, com perda média estimada de 39% na lavoura de soja, 36% no milho e 30% no feijão.
A cultura de soja, que tem a maior área plantada do Paraná, é a que deve amargar os maiores prejuízos. Com produção inicial prevista em cerca de 21 milhões de toneladas, os números parciais do Deral mostram que a colheita não deve passar de 12,8 milhões de toneladas. Das 4,3 milhões de toneladas inicialmente previstas para o milho, aproximadamente 2,7 milhões de toneladas devem ser colhidas – redução de 1,5 milhão de toneladas e prejuízo de R$ 2,2 bilhões. Já a lavoura de feijão, cuja estimativa inicial era de 275,8 mil toneladas, deve ter redução de 83,9 mil toneladas e passar para 191,9 mil de toneladas, perdendo R$ 361,8 milhões.
De outra parte, a Emater do Rio Grande do Sul informa que já são mais de oito mil localidades e mais de 207 mil propriedades atingidas pelos efeitos da estiagem no Estado, além de cerca de 10,5 mil famílias com dificuldades ao acesso à água. A Emater contabiliza 115 mil produtores de grãos e aproximadamente 23,5 mil produtores de leite com perdas expressivas na produção. As perdas na produção de pastagens cultivadas chegam a 58,5% e em pastagens nativas, a 52,8%, fatos que antecipam os impactos negativos no abastecimento alimentar da população local.
Em Santa Catarina, são registradas perdas de até 50% na colheita de milho no Extremo Oeste. A principal preocupação do setor produtivo é a quebra na safra de milho – tanto milho grão quanto silagem – que deve impactar as cadeias produtivas de carne e leite. Só em Itapiranga, espera-se uma quebra de 35% na produção de milho grão e de 20% na colheita de soja.
ASC