O presidente dos EUA está convicto de que a Rússia vai mesmo invadir a Ucrânia nos próximos dias. Numa conferência de imprensa esta sexta-feira à noite, Joe Biden disse ter razões para acreditar que as forças russas têm o plano de atacar a Ucrânia na próxima semana.
O presidente norte-americano diz ainda que o ataque vai acontecer na capital, Kiev, uma cidade de 2,8 milhões de pessoas. Biden diz não ser tarde para a Rússia escolher negociar e evitar esta guerra.
E o diálogo continua mas entre aliados da NATO. O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, esteve reunido esta sexta-feira em musique com a secretária dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, e com a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, em Munique.
Blinken está a participar na Conferência Anual de Segurança na Alemanha, com o objetivo de fortalecer o diálogo com os aliados europeus.
Governo ucraniano acusa separatistas de provocações
O Governo ucraniano pediu à comunidade internacional a condenação “imediata” das “provocações” da Rússia e dos separatistas pró-russos em Donbass, reiterando que não tem intenções bélicas em Donetsk e Lugansk.
“Pedimos à comunidade e às organizações internacionais que condenem imediatamente as provocações realizadas pela Rússia e pelas suas administrações de ocupação em Donbass, que minam o processo para uma solução político-diplomática”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, em comunicado.
A diplomacia ucraniana sublinhou que os cidadãos vivem em ambos os lados da linha de separação e insistiu para que para seja garantida a paz a essa população.
“As alegações de que as autoridades ucranianas pretendem lançar uma ofensiva nos territórios temporariamente ocupados das províncias de Donetsk e Lugansk são falsas”, disse o Ministério, assegurando que a Ucrânia “não realiza ou planeia qualquer sabotagem” na região de Donbass.
Kiev criticou ainda “as tentativas da Rússia de agravar a já tensa situação de segurança” e reiterou o seu apoio a uma solução político-diplomática, aproveitando para acusar Moscovo de lançar campanhas de desinformação.
As violações do cessar-fogo no leste da Ucrânia aumentaram nas últimas horas, com o uso de armas proibidas pelos acordos de Minsk, enquanto ambas as partes se responsabilizam pelo desrespeito dos tratados.
Civis ucranianos estão a ser encaminhados para a Rússia
Representantes da autoproclamada República de Donetsk anunciaram o início da retirada de parte da população local para a Rússia, alegando o perigo de combates nesta região.
De acordo com as autoridades de Donetsk, citadas pela agência russa Interfax, mais de 700.000 moradores da região estão a ser deslocados para a Rússia.
Por sua vez, o comandante das Forças Armadas ucranianas, Valeri Zaluzhni, pediu à população das regiões de Donetsk e Lugansk não controladas por Kiev para não acreditar nos rumores sobre uma ofensiva do Exército ucraniano.
“Não acreditem nas mentiras das autoridades de ocupação! Eles estão a usar-vos para agravar a situação”, alertou Zaluzhni, na sua página da rede social Facebook, negando as informações divulgadas pelas forças separatistas sobre tentativas de sabotar as infraestruturas das repúblicas pró-russas.O líder separatista pró-russo de Donetsk ordenou hoje uma “mobilização geral”, no momento em que os países ocidentais receiam um ataque da Rússia à Ucrânia.
“Apelo aos meus colegas reservistas para que se apresentem para recrutamento militar. Hoje assinei o decreto de mobilização geral”, anunciou Denis Pushilin numa declaração em vídeo.
O anúncio surge quando observadores apontam para um “aumento dramático” da violência na linha da frente entre o exército ucraniano e os separatistas apoiados pela Rússia.
Os observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informaram na sexta-feira que as violações do cessar-fogo na região oriental ucraniana de Donbas registaram um “aumento significativo”.
NATO diz que Concentração de tropas russas é a maior desde a Guerra Fria
A Europa está a ser confrontada com uma presença em massa de militares russos junto à fronteira com a Ucrânia, naquela que é a “maior concentração de forças militares” desde a Guerra Fria, referiu hoje o secretário-geral da NATO.
“É muito mais do que manobras. A Rússia está claramente em posição, sem qualquer outra forma de aviso, de atacar a Ucrânia”, alertou Jens Stoltenberg em declarações ao canal de televisão alemão ZDF.
Os Estados Unidos estimaram hoje que, neste momento, a Rússia tem provavelmente entre 169.000 e 190.000 soldados destacados dentro e junto à fronteira da Ucrânia, incluindo forças separatistas, muito acima dos cerca de 100.000 a 30 de janeiro.
EURONEWS