Geraldo Alckmin: “Brasil é protagonista na neoindustrialização”

Em entrevista a radialistas de todo o país, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços falou sobre políticas de desenvolvimento e reindustrialização adotadas pelo Governo Federal

Ministro apontou diretrizes para que o setor industrial se torne mais inovador, produtivo e competitivo nos próximos dez anos - Foto: Rafael Neddermeyer / Canal Gov

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, foi o entrevistado da semana no programa “Bom dia, Ministro”. O bate-papo com radialistas de todo o país ocorreu nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, nos estúdios da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), em Brasília (DF).
Durante a conversa, Alckmin afirmou que o Brasil passou por uma espécie de desindustrialização nos últimos anos, mas que houve aumento, desde o início do governo, das políticas de desenvolvimento do país. O ministro destacou a Nova Indústria Brasil e as diretrizes para que nos próximos 10 anos o setor industrial brasileiro se torne mais inovador, produtivo e competitivo.
“Hoje o planeta tem três grandes debates: segurança alimentar, segurança energética e mudança do clima. O Brasil é protagonista dos três”, argumentou Alckmin. “Segurança alimentar porque nós somos um grande produtor de proteína animal e vegetal. Segurança energética porque temos a energia mais limpa do mundo, e a preservação dos nossos biomas e transição ecológica”.
Hoje o planeta tem três grandes debates: segurança alimentar, segurança energética e mudança do clima. O Brasil é protagonista dos três
GERALDO ALCKMIN
Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
O ministro destacou que micro, pequenas e médias empresas industriais que desejam ampliar sua produtividade e competitividade já podem se inscrever na nova plataforma do Brasil Mais Produtivo. O programa inicia nova fase com foco na transformação tecnológica das empresas. Serão destinados à iniciativa mais de R$ 2 bilhões (dos R$ 300 bilhões previstos para o Nova Indústria Brasil).
“Vamos nos empenhar o mais rápido possível para fazer que a pequena empresa tenha mais oportunidade, gerar riqueza e trabalho para o nosso país”, assegurou Alckmin.
PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES — No bate-papo, o ministro citou a assinatura do memorando entre Brasil e Bolívia para aumentar a produção de fertilizantes nos dois países. O acordo prevê, entre outras ações, a realização de estudos para construção de fábricas de fertilizantes nitrogenados nos dois países.
A Bolívia tem grandes reservas de gás natural, fundamental para a produção dos nitrogenados, além de minerais usados em outros tipos de nutrientes, mas carece de capacitação e de recursos para desenvolver suas cadeias — carência que o memorando tenta reduzir ao prever ações de cooperação técnica, plano de desenvolvimento industrial e programa de atração de investimento, entre outras medidas.
Participaram do programa: Rádio O Povo (Fortaleza/CE), Rádio Gaúcha (Porto Alegre/RS), Rádio CBN (Belém/PA), FM O Tempo (Belo Horizonte/MG), Rádio Tradição FM 102,9 (Curitiba/PR), Rádio A Crítica (Manaus/AM) e Rádio CBN (João Pessoa/PB).

Confira os principais trechos do “Bom Dia, Ministro” com Geraldo Alckmin:
NIB — São quatro pilares, e isso fruto da participação do setor industrial nas suas várias áreas no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que foi retomado depois de sete anos. 1) Mais produtividade – para ampliar a capacidade industrial, com aquisição de máquinas e equipamentos; 2) Mais Inovação e digitalização – projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação; 3) Mais Verde – projetos de sustentabilidade da indústria; e 4) Mais Exportação – incentivos para o acesso ao mercado internacional.
DESCENTRALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA — Nós temos várias vocações, o Brasil tem o parque industrial diversificado. Vai descentralizar a indústria, sair do polo São Paulo-Rio, até porque vai crescer muito a agroindústria. Se temos uma vantagem competitiva nesse setor, vamos ter um crescimento grande. Por exemplo: biocombustíveis. Isso vai abrir uma oportunidade enorme de novas fábricas.
PROTAGONISMO BRASILEIRO — Hoje o planeta tem três grandes debates: segurança alimentar, segurança energética e mudança do clima. O Brasil é protagonista dos três. Segurança alimentar porque nós somos um grande produtor de proteína animal e vegetal. Segurança energética porque temos a energia mais limpa do mundo, e a preservação dos nossos biomas e transição ecológica.
VERTICALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL — Veja que nossa nova indústria é inovadora, verde e sustentável. A grande pergunta é onde é que eu fabrico bem um produto de boa qualidade com preço menor que caiba no meu bolso. O consumidor quer um produto de qualidade com preço bom. O Brasil é um grande protagonista e abre uma oportunidade de investimento muito grande, porque você pode começar a produzir compensando a emissão de gás de efeito estufa. E abre outro caminho: você vai ter um mercado regulado de carbono.
CENTRO DE BIONEGÓCIOS DA AMAZÔNIA — O centro serve justamente para agregar valor nos produtos que já existem. Então o CBA e o próprio MDIC tem uma secretaria voltada para a questão do fortalecimento e aumento de densidade industrial.
DÉFICIT PRIMÁRIO ZERO — O caminho é o caminho do diálogo. A meta do governo é ter déficit primário zero, ou seja, não gastar mais do que arrecada excluído o serviço da dívida. Nós temos um tripé importante para economia: juros, câmbio e imposto. O câmbio de R$ 4,90 / 5 é um câmbio competitivo, ele ajuda na exportação. O imposto ainda é alto, mas a reforma tributária vai ajudar, porque traz eficiência econômica. Agora, nós precisamos baixar os juros. Tá caindo. E a questão do déficit zero é importante para cair os juros. A gente quer que a economia cresça, portanto não podemos ter déficit.
PESQUISAS — Três coisas mudaram o mundo: água tratada, vacina e antibiótico. Nós vamos investir em pesquisa, nós temos dois grandes centros de pesquisa no Brasil, a Fiocruz e Butantã, além de centros importantes.
FERTILIZANTES — Nós somos o maior produtor agrícola do mundo. Nós precisamos ter fertilizantes: nitrogênio, fósforo e potássio. Como eu transformo o nitrogênio em nitrogênio? Através do gás natural. O nosso problema é o custo do gás natural. Fósforo a gente tem minas e uma boa notícia é que Minas Gerais vai inaugurar uma fábrica de fertilizantes fosfatados. O potássio é a Amazônia, tem uma mina de potássio que não está dentro da reserva indígena, mas está próxima, então tem que resolver uma questão jurídica. Nós instalamos o Confert (Conselho de Fertilizantes) para diminuir a dependência externa. Hoje a gente importa 70% do fósforo, 85% dos nitrogenados e 95% do potássio. A meta é diminuir as importações.
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA — Ontem me reuni a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) e eles estimam um investimento de R$ 100 bilhões no Brasil, um recorde da indústria automotiva. Isso é bom porque tem uma cadeia longa, então quando você fabrica mais automóvel, você está consumindo aço, vidro, couro, pneu, autopeças; gera muito emprego e gera muito valor.
MOVER — Nós lançamos um programa chamado Mobilidade Verde. São R$ 3,5 bilhões por ano, vai dar R$ 19 bi em cinco anos mais ou menos. E previsibilidade: o Mover reduz a carga tributária, ele dá um crédito tributário, estimulando eficiência energética. Ela também estimula inovação, qualidade.
COMÉRCIO — Nós precisamos recuperar o comércio da região latino-americana, que é pra onde a gente vende produtos de valor agregado (carro, caminhão, geladeira, fogão). Nós vamos dar um foco para exportação, você gera emprego aqui dentro, e ganha mercado.
VENDA DE AUTOMÓVEIS — Duas boas notícias que vão fazer aumentar a venda automotiva. A primeira é a queda da Selic, que agora está em 11,25%. E a outra é o Marco de Garantia, aprovado pelo Congresso. Não pagou? Pega o carro de volta. As próprias montadoras vão fazer juros mais baixos por causa do Marco de Garantias.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República